Existem momentos na vida que têm o dom de nos fazer duvidar da lógica, ação e reação, causa e efeito, e coisas do gênero.
Ontem foi um dia desses. Sou voluntária numa pastoral que trabalha contra a legalização e prática do abôrto. Só este
ano conseguimos evitar quarenta.
Como ocorre toda última quarta-feira do mês, foi dia de celebração da vida.
Desde o início da reunião chamou-me a atenção uma senhorinha magra, olhos muito vivos, expressivos e negros.
Fiquei imaginando o que estaria ela fazendo alí, nunca a tinha visto antes. Momentos antes de irmos para a festividade mensal, a coordenadora disse que gostaria de falar algumas palavras em homenagem à visitante e apresentá-la.
Mal podia conter minha curiosidade.
Aquela idosa foi a fundadora do grupo em favor da vida no qual eu trabalho. A senhora em questão colocou-se em pé e disse com voz embargada que estava muito feliz ao ver que acreditamos e demos continuidade ao projeto no qual ela gastou suas energias por muitos e muitos anos. Até aí tudo muito lógico. Mas o que me deixou deveras perplexa, e ponderando sobre as causas e consequências dos nossos atos, foi quando a senhora pediu para tirar uma foto com todos para que pudesse mostar na casa de repouso dos idosos...
Pasmem, aquela mulher que trabalhou pela vida, que ensejou o nascimento de tantas pessoas, no final da sua vida está recolhida num asilo...
Que tipo de seres somos? Pensava nisso enquanto dirigia para casa.
Ou esta vida não tem lógica ou a lógica da vida difere daquilo que chamamos de lógica, dois mais dois nem sempre é igual a quatro?
Tentando achar uma resposta, fui deixando a matemática de lado e acabei enveredando por um caminho diverso, o do coração,pois só ele faz um processo inverso ao toma lá dá cá... Aos poucos fui trazendo diante de mim a figura da idosa, lembrei-me dos seus olhos... Aquele olhar vivo, parecia destoar das rugas, ele tinha algo jovial, parecia sorrir, falava de uma matemática nova, vigorosa... Ela é feliz! Contrariando o conceito contemporâneo de felicidade, ela, velha, pobre, longe do glamour, abandonada, tendo a face marcada pelo tempo, deixa transparecer nos olhos a alegria do muito amar sem nada esperar. O dom da gratuidade é a sua recompensa, conclui! Haja lógica!
Ontem foi um dia desses. Sou voluntária numa pastoral que trabalha contra a legalização e prática do abôrto. Só este
ano conseguimos evitar quarenta.
Como ocorre toda última quarta-feira do mês, foi dia de celebração da vida.
Desde o início da reunião chamou-me a atenção uma senhorinha magra, olhos muito vivos, expressivos e negros.
Fiquei imaginando o que estaria ela fazendo alí, nunca a tinha visto antes. Momentos antes de irmos para a festividade mensal, a coordenadora disse que gostaria de falar algumas palavras em homenagem à visitante e apresentá-la.
Mal podia conter minha curiosidade.
Aquela idosa foi a fundadora do grupo em favor da vida no qual eu trabalho. A senhora em questão colocou-se em pé e disse com voz embargada que estava muito feliz ao ver que acreditamos e demos continuidade ao projeto no qual ela gastou suas energias por muitos e muitos anos. Até aí tudo muito lógico. Mas o que me deixou deveras perplexa, e ponderando sobre as causas e consequências dos nossos atos, foi quando a senhora pediu para tirar uma foto com todos para que pudesse mostar na casa de repouso dos idosos...
Pasmem, aquela mulher que trabalhou pela vida, que ensejou o nascimento de tantas pessoas, no final da sua vida está recolhida num asilo...
Que tipo de seres somos? Pensava nisso enquanto dirigia para casa.
Ou esta vida não tem lógica ou a lógica da vida difere daquilo que chamamos de lógica, dois mais dois nem sempre é igual a quatro?
Tentando achar uma resposta, fui deixando a matemática de lado e acabei enveredando por um caminho diverso, o do coração,pois só ele faz um processo inverso ao toma lá dá cá... Aos poucos fui trazendo diante de mim a figura da idosa, lembrei-me dos seus olhos... Aquele olhar vivo, parecia destoar das rugas, ele tinha algo jovial, parecia sorrir, falava de uma matemática nova, vigorosa... Ela é feliz! Contrariando o conceito contemporâneo de felicidade, ela, velha, pobre, longe do glamour, abandonada, tendo a face marcada pelo tempo, deixa transparecer nos olhos a alegria do muito amar sem nada esperar. O dom da gratuidade é a sua recompensa, conclui! Haja lógica!