Médico ou Propagandista?
Ninguém pode discordar de que vivemos numa sociedade capitalista, ou de mercado. Sociedade que tem como principais características no seu modelo econômico: expansão permanente do mercado.
Entretanto o que isso tem como objetivo primeiro não é preservar a natureza, nem eliminar a fome, a miséria e proporcionar aos homens vida com saúde, paz, sabedoria e dinâmica na evolução de suas consciências.
A expansão crescente do mercado tem como objetivo primeiro centralizar cada vez mais as riquezas, aumentando os lucros. Se não fosse assim, 90% das riquezas não estariam em poder de não mais de 120 famílias.
Assim, toda a parafernália tecnológica para pesquisa e desenvolvimento acompanhada duma sofisticação dos processos de propaganda visa o mesmo fim.
Mas, a ponta do sistema é o consumidor, que funciona como o mar, onde todos os rios de produtos e serviços deságuam.
Mas para esse homem tornar-se eficiente no final do processo algumas características básicas devem levá-lo compulsivamente ao consumo: medo, cobiça e desejo de poder.
Essa argumentação inicial visa justificar nossas dúvidas, quando vamos realizar nossas consultas ao serem finalizadas com receitas médicas e acompanhadas de alguns avisos aterrorizantes.
Quanto ao produto que está nos receitando não temos qualquer dúvida. Temos certeza de que o médico não teve tempo para acompanhar nada sobre o mesmo, mas num ato de extrema confiança e fé prescreve a última e melhor novidade que lhe foi trazida pelo propagandista.
Há poucos dias fui surpreendido por um novo esquema: sem muitas preocupações de dissimular o papel do médico, como agente no processo de expansão do mercado dos conglomerados farmacêuticos, entregou-me no final da consulta, um cartão, tipo “de visita”, com um telefone 0800 para que fizesse cadastro e conseguisse na farmácia um desconto promocional.
Além disso, sabemos das viagens pagas para médicos pelos laboratórios, para que os mesmos assistam a seminários promotores de medicamentos e façam turismo.
Mais do que isso, recebemos mensagens pela Internet denunciando, que algumas pesquisas são encerradas com o elenco de novas doenças ,que garantirão o consumo do medicamento desenvolvido.
Mais, ainda, que segundo estatísticas divulgadas pelo próprio governo americano, constataram-se que as doenças tinham suas incidências reduzidas antes do uso das vacinas. Ou seja, a redução da incidência não estaria ligada à vacinação e sim a fatores como saneamento, alimentação e outros agentes preventivos.
Enfim, nesse modelo de sociedade estão amplamente justificados os que ao saírem do consultório são acometidos da dúvida: “quem prescreveu essa medicação? Foi o médico ou o propagandista”?
Estão amplamente justificados esses “reacionários” que sentenciam: “não tomo remédios industrializados, da mesma forma como não como alimentos industrializados e nem bebo refrigerantes”, ou, ainda, “tenho mais medo dos remédios do que da doença”.
A desconfiança, nesse modelo de sociedade, tende a reger as relações...