Consolo
Andava a esmo pelas ruas. Precisava esfriar a cabeça, refletir. Tantas coisas aconteceram, sentia-se perdida, atordoada. Era como se flutuasse, a cabeça envolta em algodão. Tudo ao redor era vago, indefinido, impalpável, impreciso. Mas, de repente, algo conseguiu fixar sua atenção. Fez-se mais nítido. Parou, a observar. Um pequeno ser abandonado, ainda mais perdido do que ela. Indefeso, solitário, faminto, sujo, ferido. Condoeu-se. Eis alguém, pensou, bem mais infeliz que eu. Além de abandonado, exposto ao sol, à chuva, ao frio, às privações. Tomou o pequeno ser nos braços, e decidiu que nenhum dos dois seria mais sozinho, fariam companhia um ao outro, amar-se-iam. Cuidaria dele, dar-lhe-ia alimento, abrigo, carinho. Dali em diante, passeariam juntos pelas ruas da cidade, ela e seu pequeno cão...
Texto originalmente postado no letrasdobviw.blogspot.com