AO MESTRE COM CARINHO
 
Hoje ouvindo por um acaso a Voz do Brasil vi o depoimento do senador Cristovão Buarque, ex-ministro da educação de Lula, quando afirmava que não adianta sermos 7ª nação em PIB e 80ª em indicadores educacionais , dizia ainda que um país que trata mal os professores é um país sem futuro. Um país em que o salário mensal de um senador equivale a um ano e meio de trabalho de um professor, é um pais fadado a reproduzir as mazelas mais profundas da sociedade (digo eu) um país que produz semiformação, falsa emancipação; um país onde um deputado ou senador tem ganhos estratosféricos (ganhos diretos e indiretos, contabilizados e não contabilizados, enfim) se comparados aos ganhos de um professor, está a condenar todo um povo. Privilegiar determinadas categorias profissionais em detrimento de outras, essa cultura bacharelesca, doutoresca, da retórica vazia (no sentido mais pejorativo do termo) é que nos condena a caverna da ignorância que mantém um estado mamute, irracional que alimenta privilégios, uma máquina que se movimenta em torno de privilégios, que pensa a educação apenas como treinamento, adestramento, de modo a “formar” o individuo para o mercado de trabalho, e  tende a ver o professor apenas como uma correia de transmissão desse processo. Não bastam metas ambiciosas e políticas salvacionistas, relegando aos professores o limbo; dando-lhes importância somente  na retórica de programas partidários e estatais. Precisaríamos de um plano inovador para a educação, onde o professor não seja relegado a “pão e água”,  mas  ocupar o lugar que lhe é exigido e devido, sobretudo num país que tem um dos seus gargalos estruturais a carência de educação de base. Um país que pretende ser mais justo, o professor deve ter condições dignas de trabalho e salários condizentes com a sua importância, numa sociedade que pretende um dia alcançar a plenitude social (educação, saúde, segurança, saneamento, justiça). O que se vê é uma distorção profunda, uma inversão de importância, se um senador, deputado ou juiz, ou engenheiro, vale mais socialmente do que o um professor é porque essa sociedade está fadada ao fracasso. Um bom aluno depende de um bom mestre, e estes estão cada vez mais se afastando dessa profissão que é talvez a mais importante de toda uma sociedade é à base mesma de uma civilização, o que os gregos denominavam de Paidéia;