Papo de criança
As crianças estão sempre nos surpreendendo. Às vezes nos fazem cada pergunta, que nos deixam sem saber como dar a resposta. Aí a gente enrola, tenta sair pela tangente, mas elas insistem. Muitas vezes inventamos uma historinha nada convincente e elas, espertas que são, nos fazem sentir uns verdadeiros idiotas. Na verdade, acho que as crianças testam os adultos o tempo todo. Quando questionam sobre determinadas coisas é porque já sabem a resposta e só estão querendo ter certeza se nós sabemos.
Como estamos na semana da criança, decidi fazer uma homenagem a elas. Esses serezinhos que nos enchem de preocupações, mas, acima de tudo, alegram nossas vidas.
Este texto ao qual classifiquei como crônica, na realidade é um conjunto de pequenas histórias de crianças, algumas da família, que em algum momento me surpreenderam e divertiram. Há alguns casos que foram contados por pais ou avós, mas que achei muito engraçados e também vou contar aqui. Então vamos a eles:
Henrique (5 anos)
- Tia, me conta uma história? Mas não quero história inventada, quero história real.
Contei para ele algumas historinhas engraçadas que aconteceram com meus filhos quando eram pequenos. Não satisfeito ele disse:
- Agora conta uma mais interessante.
- Você não gostou das que eu contei?
- Gostei, mas eu quero saber uma história de você. Me conta do seu namorado?
Eu tinha acabado de me separar (separação que durou um mês), não sabia o que dizer, mas disse:
- Eu não tenho namorado.
- Tem sim. Eu já vi você beijando ele.
- Mas, a gente não namora mais. Ele brigou comigo.
- Por que tia?
- Acho que ele não gosta mais de mim.
- Você está triste?
- Estou.
- Não fica triste não, tia. Eu gosto muito de você.
Naquele dia ele não se desgrudou de mim. Acho que ficou com pena, não queria me deixar sozinha. À noite, na festa do Reveillon, ficou o tempo todo brincando comigo e aí, quando começou a tocar a música da Maria Cecília e Rodolfo, lá vem ele com essa:
- Tia, olha a sua música!
- Quando prestei atenção à letra, não resisti, chorei.
“Tudo o que eu quero é você de volta/ tô te esperando vem bater na minha porta...”
Henrique me abraçou (a cabecinha batendo no meu quadril) e começamos a dançar. Pronto. A tristeza passou num instante.
Caroline (3 anos)
Estávamos todos na varanda numa noite quente do mês de janeiro: eu, meu marido, o filho com a esposa, a filha com o namorado, e uma amiga nossa. Caroline brincava distraída com suas panelinhas. De repente, ela se vira para minha amiga (solteirona convicta) e pergunta:
- Tia, cadê seu namolado?
- Eu não tenho namorado, Carol.
- Por que? Todo mundo namola.
- Mas eu não tenho.
- Quando eu ficar gande, vou ter um montão assim de namolado (falou fazendo gesto, abrindo os braços)!
O pai dela (meu enteado) arregalou os olhos:
- Que é isso, Carol?!
- Só quando eu ficar gande, tá papai?
Todos nós tivemos que rir e ele, falou baixinho:
- Essa menina ainda vai me dar muito trabalho!
Natália (5 anos)
O vovô da Natália por parte de mãe havia falecido. Ela estava pensativa num canto quando sua avó (por parte de pai) percebeu e foi questioná-la:
- O que foi, minha querida?
- Tô pensando.
- Tá pensando em quê?
- Ô vó, é verdade que quando a gente morre encontra todo mundo que já morreu lá no céu?
- Sim, é verdade. Um dia a gente vai encontrar todo mundo.
- Eu vou encontrar o meu vô Leno?
- Vai.
- Ainda bem, porque ele morreu me devendo R$ 1,00.
Luiz (6 anos)
Havíamos saído para comer uma pizza. Chegando na Pizzaria Luiz avistou um casal em uma mesa e me cutucou:
- Mãe, olha lá o Márcio.
- Não filho, aquele não é o Márcio, é o irmão gêmeo dele.
- É ele sim, eu sei.
Sem que eu percebesse, ele foi até à mesa do casal e falou em tom bravo:
- Eu vou contar pra minha prima que você tá com outra namorada!
O rapaz riu, meio sem graça, sem entender direito.
Eu interferi:
- Meu filho, eu disse que não é o Márcio. Vocês me desculpem, por favor.
Peguei o Luiz pelo braço e o tirei dali repreendendo-o, mas ele não estava convencido.
- Eu sei que é ele. Eu vou contar tudo pra Jose.
Explicação: Jose, minha sobrinha, namorava o irmão gêmeo daquele que estava na Pizzaria.
Manu (3 anos)
O avô de Manu lhe deu uma piscina de presente de Natal. Mas, naquele ano choveu muito nesse dia, portanto, ela não pôde montar a tão desejada piscina. Passados alguns dias, o sol reapareceu e, finalmente, a piscina foi montada. Manu falou ao telefone com o avô:
- Vovô, põe o seu biquíni e vem nadar comigo na minha piscina!
Imaginem o vovô de biquíni, com aquela barriguinha e o peito cabeludo. Seria hilário!
Miguel (10 anos)
- Mãe, me leva na igreja hoje?
- Levo, mas porque você quer ir hoje à igreja?
- Quero pedir a Santo Antonio para me arrumar uma namorada.
- Você não precisa pedir isso a Santo Antonio.
- Preciso sim, se ele ajuda as pessoas a casar, ajuda a namorar também.
- Mas você é muito novo ainda. Calma! Um dia você vai ter uma namorada.
- Eu preciso de uma namorada agora. Não aguento mais a solidão. Todos os amigos da escola têm uma namorada, só eu que não tenho. Preciso de alguém pra beijar, abraçar e conversar. Estou muito sozinho.
- Você não é sozinho. Você tem a mim, ao seu irmão que te adora.
- É diferente. Você não me entende, mãe.
A mãe de Miguel ficou horas conversando com ele, tentando explicar que ainda é muito cedo para que ele se sinta um solteirão, a ponto de ter que pedir ajuda a Santo Antonio.
Rafael (8 anos)
- Mãe, se é você que não pode ter filhos, por que é que o papai é que tem de usar camisinha?
- Bem, como posso explicar? É porque...é assim... quero dizer...
- Você não sabe, né mãe?
- Claro que sei, só não tô encontrando as palavras.
- Não sabe nada. Vou perguntar pro papai, ele sabe, tenho certeza.
- Então pergunta, ué!
A mãe de Rafael respirou aliviada.
Há muitas histórias engraçadas, interessantes, divertidas dessas e de outras crianças que conheço, porém, por hoje fico por aqui.
Peço a Deus que olhe por todas elas. Que faça com que cresçam felizes, saudáveis e que um dia sejam adultos de bem.
Para essas e todas as crianças brasileiras desejo um Feliz Dia das Crianças!
Como estamos na semana da criança, decidi fazer uma homenagem a elas. Esses serezinhos que nos enchem de preocupações, mas, acima de tudo, alegram nossas vidas.
Este texto ao qual classifiquei como crônica, na realidade é um conjunto de pequenas histórias de crianças, algumas da família, que em algum momento me surpreenderam e divertiram. Há alguns casos que foram contados por pais ou avós, mas que achei muito engraçados e também vou contar aqui. Então vamos a eles:
Henrique (5 anos)
- Tia, me conta uma história? Mas não quero história inventada, quero história real.
Contei para ele algumas historinhas engraçadas que aconteceram com meus filhos quando eram pequenos. Não satisfeito ele disse:
- Agora conta uma mais interessante.
- Você não gostou das que eu contei?
- Gostei, mas eu quero saber uma história de você. Me conta do seu namorado?
Eu tinha acabado de me separar (separação que durou um mês), não sabia o que dizer, mas disse:
- Eu não tenho namorado.
- Tem sim. Eu já vi você beijando ele.
- Mas, a gente não namora mais. Ele brigou comigo.
- Por que tia?
- Acho que ele não gosta mais de mim.
- Você está triste?
- Estou.
- Não fica triste não, tia. Eu gosto muito de você.
Naquele dia ele não se desgrudou de mim. Acho que ficou com pena, não queria me deixar sozinha. À noite, na festa do Reveillon, ficou o tempo todo brincando comigo e aí, quando começou a tocar a música da Maria Cecília e Rodolfo, lá vem ele com essa:
- Tia, olha a sua música!
- Quando prestei atenção à letra, não resisti, chorei.
“Tudo o que eu quero é você de volta/ tô te esperando vem bater na minha porta...”
Henrique me abraçou (a cabecinha batendo no meu quadril) e começamos a dançar. Pronto. A tristeza passou num instante.
Caroline (3 anos)
Estávamos todos na varanda numa noite quente do mês de janeiro: eu, meu marido, o filho com a esposa, a filha com o namorado, e uma amiga nossa. Caroline brincava distraída com suas panelinhas. De repente, ela se vira para minha amiga (solteirona convicta) e pergunta:
- Tia, cadê seu namolado?
- Eu não tenho namorado, Carol.
- Por que? Todo mundo namola.
- Mas eu não tenho.
- Quando eu ficar gande, vou ter um montão assim de namolado (falou fazendo gesto, abrindo os braços)!
O pai dela (meu enteado) arregalou os olhos:
- Que é isso, Carol?!
- Só quando eu ficar gande, tá papai?
Todos nós tivemos que rir e ele, falou baixinho:
- Essa menina ainda vai me dar muito trabalho!
Natália (5 anos)
O vovô da Natália por parte de mãe havia falecido. Ela estava pensativa num canto quando sua avó (por parte de pai) percebeu e foi questioná-la:
- O que foi, minha querida?
- Tô pensando.
- Tá pensando em quê?
- Ô vó, é verdade que quando a gente morre encontra todo mundo que já morreu lá no céu?
- Sim, é verdade. Um dia a gente vai encontrar todo mundo.
- Eu vou encontrar o meu vô Leno?
- Vai.
- Ainda bem, porque ele morreu me devendo R$ 1,00.
Luiz (6 anos)
Havíamos saído para comer uma pizza. Chegando na Pizzaria Luiz avistou um casal em uma mesa e me cutucou:
- Mãe, olha lá o Márcio.
- Não filho, aquele não é o Márcio, é o irmão gêmeo dele.
- É ele sim, eu sei.
Sem que eu percebesse, ele foi até à mesa do casal e falou em tom bravo:
- Eu vou contar pra minha prima que você tá com outra namorada!
O rapaz riu, meio sem graça, sem entender direito.
Eu interferi:
- Meu filho, eu disse que não é o Márcio. Vocês me desculpem, por favor.
Peguei o Luiz pelo braço e o tirei dali repreendendo-o, mas ele não estava convencido.
- Eu sei que é ele. Eu vou contar tudo pra Jose.
Explicação: Jose, minha sobrinha, namorava o irmão gêmeo daquele que estava na Pizzaria.
Manu (3 anos)
O avô de Manu lhe deu uma piscina de presente de Natal. Mas, naquele ano choveu muito nesse dia, portanto, ela não pôde montar a tão desejada piscina. Passados alguns dias, o sol reapareceu e, finalmente, a piscina foi montada. Manu falou ao telefone com o avô:
- Vovô, põe o seu biquíni e vem nadar comigo na minha piscina!
Imaginem o vovô de biquíni, com aquela barriguinha e o peito cabeludo. Seria hilário!
Miguel (10 anos)
- Mãe, me leva na igreja hoje?
- Levo, mas porque você quer ir hoje à igreja?
- Quero pedir a Santo Antonio para me arrumar uma namorada.
- Você não precisa pedir isso a Santo Antonio.
- Preciso sim, se ele ajuda as pessoas a casar, ajuda a namorar também.
- Mas você é muito novo ainda. Calma! Um dia você vai ter uma namorada.
- Eu preciso de uma namorada agora. Não aguento mais a solidão. Todos os amigos da escola têm uma namorada, só eu que não tenho. Preciso de alguém pra beijar, abraçar e conversar. Estou muito sozinho.
- Você não é sozinho. Você tem a mim, ao seu irmão que te adora.
- É diferente. Você não me entende, mãe.
A mãe de Miguel ficou horas conversando com ele, tentando explicar que ainda é muito cedo para que ele se sinta um solteirão, a ponto de ter que pedir ajuda a Santo Antonio.
Rafael (8 anos)
- Mãe, se é você que não pode ter filhos, por que é que o papai é que tem de usar camisinha?
- Bem, como posso explicar? É porque...é assim... quero dizer...
- Você não sabe, né mãe?
- Claro que sei, só não tô encontrando as palavras.
- Não sabe nada. Vou perguntar pro papai, ele sabe, tenho certeza.
- Então pergunta, ué!
A mãe de Rafael respirou aliviada.
Há muitas histórias engraçadas, interessantes, divertidas dessas e de outras crianças que conheço, porém, por hoje fico por aqui.
Peço a Deus que olhe por todas elas. Que faça com que cresçam felizes, saudáveis e que um dia sejam adultos de bem.
Para essas e todas as crianças brasileiras desejo um Feliz Dia das Crianças!