Certo ou errado?
Ainda menina eu dizia pomposa que meu santo preferido no altar do catolicismo era São Tomé, aquele que precisava ver para crer. Em meu Espírito cheio de contradições nem vendo eu acredito assim de cara, porque sei que a visão também nos prega peças. Certa vez caminhando em uma das bifurcações de uma linha de trem, vi na outra, paralela, um cavalo caminhando e aos poucos o seu pescoço foi se alongando e enquanto caminhávamos, eu na linha da direita e ele na da esquerda, tendo entre nós o Campo de Futebol de Arantina, tive a certeza de que ele estava se transformando em uma girafa e a certeza era tanta que voltei sobre meus passos voando em busca de minha avó que estava assentada no banco que ficava junto à parede lateral externa de sua casa. E ela riu tanto de mim que até hoje penso duas vezes antes de afirmar com certeza que vi alguma coisa.
Nada na vida precisa ser levado muito a sério foi o que li no livro de Sara Bakewell, Como Viver, onde ela apresenta as idéias de Montaigne de uma forma muito interessante. Nesse capítulo a resposta à pergunta Como Viver? é: Questione Tudo, capítulo baseado na influência do ceticismo sobre o filósofo, principalmente as idéias de Pirro, que face a qualquer problema que ocorria em sua vida se utilizava do truque da “suspensão do julgamento” até segunda ordem.
Tenho tido a oportunidade de utilizar esse truque nesse atual período do ano, nessa época de eleições municipais, quando o que mais ocorre é a filosofia da fofoca. Quanto mais absurda mais as pessoas acreditam e eu já perdi a conta das vezes em que exclamei: Não acredito! São tantas as bobagens que as pessoas falam que não me resta outra alternativa senão repetir essa afirmação a cada bobagem que ouço.
Ultimamente tenho bancado a advogada do diabo porque tendo já escolhido o candidato em quem vou votar e não fazendo segredo disso, tenho também afirmado que os três candidatos são bons, o que me dá muita tranqüilidade porque sem estar em cima do muro cada vez que alguém fala mal dos opositores ao meu candidato eu acabo defendendo, o que não é muito bem visto em uma sociedade totalmente passional.
É que a burrice me incomoda demais e grande parte das pessoas de repente sabe tudo sobre uma pessoa que mal conhece, sabe tudo principalmente se for uma coisa ruim. Assim como Aécio critica Dilma pondo em cheque a sua mineiridade, assim aqui o meu candidato é chamado de estrangeiro só porque depois de aposentado se mudou para outras cidades para exercer novas atividades. Da mesma forma não consigo cantar vitória nem chorar derrota enquanto a última urna não for fechada. Vem sempre à minha lembrança a história de um primo que concorrendo contra outro primo perdeu por um voto, frase que poderia ser reescrita trocando a palavra perdeu pela palavra ganhou. Afinal deve ser tão deprimente perder quanto ganhar por um único voto.
No livro que estou lendo consta que o cético Pirro era tão tranqüilo e indiferente que não reagia a nada e é essa uma questão que me preocupa muito porque acho que estou ficando assim. Pouca coisa me tira do sério, me faz chorar ou desesperar. Levei esse problema para a minha sessão de terapia de grupo, com detalhes de inúmeras situações em que eu deveria gritar, esbravejar ou chorar, mas não fiz nada disso. As companheiras de terapia tentaram fazer com que eu acreditasse que isso se chama maturidade, mas não estou certa ainda. Pode ser que sim, pode ser que não.
Da mesma forma que fico espantada com os conhecimentos que nos foram passados por homens que tinham como único computador o próprio cérebro fico espantada com o avanço da humanidade em muitos setores e o atraso que continua em outros como se ainda vivêssemos na Idade da Pedra.Assim é que fora alguns preceitos morais que por incrível que pareça são derivados dos dez mandamentos eu sou realmente uma cética pirrônica porque uma das poucas coisas que sei realmente é que nosso cérebro ainda não está preparado para conhecer a Verdade. É por isso que não me apego a nada como sendo absolutamente certo ou errado e vivo mudando de opinião sem nenhum constrangimento.
Ainda menina eu dizia pomposa que meu santo preferido no altar do catolicismo era São Tomé, aquele que precisava ver para crer. Em meu Espírito cheio de contradições nem vendo eu acredito assim de cara, porque sei que a visão também nos prega peças. Certa vez caminhando em uma das bifurcações de uma linha de trem, vi na outra, paralela, um cavalo caminhando e aos poucos o seu pescoço foi se alongando e enquanto caminhávamos, eu na linha da direita e ele na da esquerda, tendo entre nós o Campo de Futebol de Arantina, tive a certeza de que ele estava se transformando em uma girafa e a certeza era tanta que voltei sobre meus passos voando em busca de minha avó que estava assentada no banco que ficava junto à parede lateral externa de sua casa. E ela riu tanto de mim que até hoje penso duas vezes antes de afirmar com certeza que vi alguma coisa.
Nada na vida precisa ser levado muito a sério foi o que li no livro de Sara Bakewell, Como Viver, onde ela apresenta as idéias de Montaigne de uma forma muito interessante. Nesse capítulo a resposta à pergunta Como Viver? é: Questione Tudo, capítulo baseado na influência do ceticismo sobre o filósofo, principalmente as idéias de Pirro, que face a qualquer problema que ocorria em sua vida se utilizava do truque da “suspensão do julgamento” até segunda ordem.
Tenho tido a oportunidade de utilizar esse truque nesse atual período do ano, nessa época de eleições municipais, quando o que mais ocorre é a filosofia da fofoca. Quanto mais absurda mais as pessoas acreditam e eu já perdi a conta das vezes em que exclamei: Não acredito! São tantas as bobagens que as pessoas falam que não me resta outra alternativa senão repetir essa afirmação a cada bobagem que ouço.
Ultimamente tenho bancado a advogada do diabo porque tendo já escolhido o candidato em quem vou votar e não fazendo segredo disso, tenho também afirmado que os três candidatos são bons, o que me dá muita tranqüilidade porque sem estar em cima do muro cada vez que alguém fala mal dos opositores ao meu candidato eu acabo defendendo, o que não é muito bem visto em uma sociedade totalmente passional.
É que a burrice me incomoda demais e grande parte das pessoas de repente sabe tudo sobre uma pessoa que mal conhece, sabe tudo principalmente se for uma coisa ruim. Assim como Aécio critica Dilma pondo em cheque a sua mineiridade, assim aqui o meu candidato é chamado de estrangeiro só porque depois de aposentado se mudou para outras cidades para exercer novas atividades. Da mesma forma não consigo cantar vitória nem chorar derrota enquanto a última urna não for fechada. Vem sempre à minha lembrança a história de um primo que concorrendo contra outro primo perdeu por um voto, frase que poderia ser reescrita trocando a palavra perdeu pela palavra ganhou. Afinal deve ser tão deprimente perder quanto ganhar por um único voto.
No livro que estou lendo consta que o cético Pirro era tão tranqüilo e indiferente que não reagia a nada e é essa uma questão que me preocupa muito porque acho que estou ficando assim. Pouca coisa me tira do sério, me faz chorar ou desesperar. Levei esse problema para a minha sessão de terapia de grupo, com detalhes de inúmeras situações em que eu deveria gritar, esbravejar ou chorar, mas não fiz nada disso. As companheiras de terapia tentaram fazer com que eu acreditasse que isso se chama maturidade, mas não estou certa ainda. Pode ser que sim, pode ser que não.
Da mesma forma que fico espantada com os conhecimentos que nos foram passados por homens que tinham como único computador o próprio cérebro fico espantada com o avanço da humanidade em muitos setores e o atraso que continua em outros como se ainda vivêssemos na Idade da Pedra.Assim é que fora alguns preceitos morais que por incrível que pareça são derivados dos dez mandamentos eu sou realmente uma cética pirrônica porque uma das poucas coisas que sei realmente é que nosso cérebro ainda não está preparado para conhecer a Verdade. É por isso que não me apego a nada como sendo absolutamente certo ou errado e vivo mudando de opinião sem nenhum constrangimento.