Fiquei por você
Num instante lá estavam dona Verônica e seu Valdo brigando outra vez.
Ele levantou-se da cadeira de rodas e dizia:
_Não aguento mais te ouvir gritar, sua velha ranzinza! _espraguejava seu Valdo, já quase saindo pela porta do hospital.
_ Pai aonde o senhor vai?_ falava a filha inocência, cheia de papeis dados pela recepção do hospital.
_ Minha filha, não aguento mais sua mãe! vou embora.
_ Deixa, minha filha, esse velho não tem coragem de me deixar, sempre foi dependente de mim para tudo.
_ Parem com isso vocês dois, não aguento mais ver vocês brigando a vida toda. Será que isso nunca vai terminar?
_ Os dois velhos se olharam e ficaram comovidos com o sofrimento e insatisfação da filha.
_ Filha, você tem sido o motivo de eu nunca ter tido coragem de abandonar sua mãe.
_ Pai... o que o senhor está falando? o senhor nunca amou a minha mãe?
_ Já amei, mas com o tempo tudo foi se desgastando. Discutiamos muito sobre a sua criação e tudo mais.
_ Eu não sabia disso _ falou a filha entristecida.
_ Olha so o que você fez, seu velho caduco! _ reprovou dona Verônica.
_ Ela tinha que saber, mais cedo ou mais tarde.
A velha senhora pegou os papeis da mão da filha e começou a tratar com a recepcionista para dar entrada nos exames.
Afastado dalí Inocência fala com seu Valdo:
_ Poxa, papai, não era preciso sacrificar sua felicidade por minha causa, eu entenderia se o senhor resolvesse se separar da minha mãe.
_ Não, minha filha, jamais teria essa coragem. Você sempre foi a coisa mais preciosa da minha vida, e ver você crescer longe de mim, não podendo participar de cada passo que você deu na vida... eu sei que sairia perdendo mais.
_ A filha emocionada com as palavras do pai, o abraça e diz:
_ Papai, eu também não conseguiria pensar em meus momentos longe de você.
O longo abraço foi interrompido pelos gritos de dona Verônica:
_ Vamos logo! Já está tudo resolvido para fazer os exames. Eu não disse, Valdo, que você não consegue fazer nada sem mim?