Crônica #124: A MÚSICA E NÓS!
A música, desde os primórdios da humanidade sempre esteve, de alguma forma ligada a nós
Quer nas batidas do nosso coração, na pulsação em nossas veias de forma percussiva, em cada passo dado, pelo currulepe das sandálias de couro cru a percutir em nossos calcanhares, o sacudir da caixa de fósforo, o assovio... Enfim, de uma forma ou de outras cada um de nós tem um contato íntimo com a música.
Há uma tendência muito forte de as pessoas associarem algum tipo de evento de cunho emocional, quer seja agradável ou não, a alguma música em evidência naquela ocasião. Olhando bem para trás, desde a minha infância aos idos de minha adolescência, mocidade, maturidade e envelhecência, a música sempre esteve em mim, presente em todos os momentos. Na infância, lembro de meu pai cantando, ou de sua marcenaria ou nos intervalos, ajudando à mamãe na cata de escolhas do arroz ou feijão. Sempre cantarolando “Doutor de anedota e de champanhota...”, "Café Soçaite", de Edith Veiga, o Mestre Ulisses, funcionário do Papai, a cantar “Hoje Quem Paga Sou Eu”, gravada por Nelson Gonçalves de certa forma marcaram minha infância. Nos anos cinquenta, também se popularizavam novos ritmos como Twist, Halli-galli e o Rock 'n Roll. Era, para os mais jovens, a febre do momento.
As serenatas também nos trazem boas recordações. Nossos primos mais velhos, ao som do violão tocado ora por meu Tio Cely, ora por outro tio Antônio Batista também marcavam forte como “Anahi” e “Eu Canto Assim (Iracy)”, de Carlos Gonzaga, além de outras como “Diana”, “Carol”, “No Jardim do Paraíso”. Cely Campelo com "Estúpido Cupido", "Filme Triste", e também outras mais antigas tal como “Ouvido-te” de Celestino. Ainda de Vicente Celestino, “Mia Gioconda” tanto o meu pai quanto minha mãe gostavam de cantar. Falar nisso, minha mãe costumava nos ninar cantando hinos da Harpa Cristã ou do Cantor Cristão. Às tardes, por volta do por do sol, havia um programa de música sertaneja legítima onde podíamos ouvir os Top Hits da época de Luiz Gonzaga como “Algodão”, “Xote das Meninas”, também podíamos ouvir Jackson do Padeiro a cantar “Sebastiana”, "Chiclete com Banana", Luiz Wanderley com “Vontade de Comer Goiaba”, "Caranguejo Uçá", "Baiano Burro, Nasce Morto". Marinês e sua Gente cantavam “Peba na Pimenta”, "Pisa na Fulô", "Meu Cariri"; Trio Nordestino e muito outros completamente dignos de figurar no rol da música Brasielira. Esta de Marinês (Peba na Pimenta), minha tia mais velha nos proibia dizendo que continha imoralidade, coisa que minha ingênua cabecinha não conseguia alcançar na época.
Os anos sessenta vieram com bastante novidade musical. Muita quebra de paradigma, com a chegada de Os Beatles e seu “Yeah! Yeah! Yeah!”. Daí surgiu o nome “Iê-iê-iê”. Também tivemos a chegada dos Bee-gees e sua famosa “I Started The Joke”, e o Mick Jagger e seu “Satisfaction”. Também muitos outros nomes tanto no cenário internacional quanto no nacional. Neste, a Jovem Guarda surgiu como um divisor de água no conceito musical. Marcaram muitas vidas com seus berrantes estilos de roupa e muitas mensagem subliminares e muitas vezes direta, como palavras de ordem geral. Surgem também a MPB e a Tropicália com o estrondoso sucesso de Caetano Veloso com o seu hit “Sem Lenço e Sem Documento". Meus tios coroas ficaram horrorizados com sua foto do casamento de capa da revista “O Cruzeiro” com um terno extravagante, flor rosa em sua lapela. E a gente já conhecera sua voz recentemente transmudada de menino adolescente a jovem a cantar “Marcianita” que também foi gravada por Sérgio Murilo.
Com o advento da famigerada revolução de 31 de Março de 1064, a censura caiu pesada sobre os atores, cantores, compositores. Estes falavam em código, nas entrelinhas de suas canções. “Carolina” de Chico Buarque era uma dessas entre tantos. No Ceará surgia o movimento Padaria Espiritual de onde saiu o “PESSOAL DO CEARÁ e deste, Ednardo, Belchior e Fagner, já mais dentro dos anos setenta.
Quer nas batidas do nosso coração, na pulsação em nossas veias de forma percussiva, em cada passo dado, pelo currulepe das sandálias de couro cru a percutir em nossos calcanhares, o sacudir da caixa de fósforo, o assovio... Enfim, de uma forma ou de outras cada um de nós tem um contato íntimo com a música.
Há uma tendência muito forte de as pessoas associarem algum tipo de evento de cunho emocional, quer seja agradável ou não, a alguma música em evidência naquela ocasião. Olhando bem para trás, desde a minha infância aos idos de minha adolescência, mocidade, maturidade e envelhecência, a música sempre esteve em mim, presente em todos os momentos. Na infância, lembro de meu pai cantando, ou de sua marcenaria ou nos intervalos, ajudando à mamãe na cata de escolhas do arroz ou feijão. Sempre cantarolando “Doutor de anedota e de champanhota...”, "Café Soçaite", de Edith Veiga, o Mestre Ulisses, funcionário do Papai, a cantar “Hoje Quem Paga Sou Eu”, gravada por Nelson Gonçalves de certa forma marcaram minha infância. Nos anos cinquenta, também se popularizavam novos ritmos como Twist, Halli-galli e o Rock 'n Roll. Era, para os mais jovens, a febre do momento.
As serenatas também nos trazem boas recordações. Nossos primos mais velhos, ao som do violão tocado ora por meu Tio Cely, ora por outro tio Antônio Batista também marcavam forte como “Anahi” e “Eu Canto Assim (Iracy)”, de Carlos Gonzaga, além de outras como “Diana”, “Carol”, “No Jardim do Paraíso”. Cely Campelo com "Estúpido Cupido", "Filme Triste", e também outras mais antigas tal como “Ouvido-te” de Celestino. Ainda de Vicente Celestino, “Mia Gioconda” tanto o meu pai quanto minha mãe gostavam de cantar. Falar nisso, minha mãe costumava nos ninar cantando hinos da Harpa Cristã ou do Cantor Cristão. Às tardes, por volta do por do sol, havia um programa de música sertaneja legítima onde podíamos ouvir os Top Hits da época de Luiz Gonzaga como “Algodão”, “Xote das Meninas”, também podíamos ouvir Jackson do Padeiro a cantar “Sebastiana”, "Chiclete com Banana", Luiz Wanderley com “Vontade de Comer Goiaba”, "Caranguejo Uçá", "Baiano Burro, Nasce Morto". Marinês e sua Gente cantavam “Peba na Pimenta”, "Pisa na Fulô", "Meu Cariri"; Trio Nordestino e muito outros completamente dignos de figurar no rol da música Brasielira. Esta de Marinês (Peba na Pimenta), minha tia mais velha nos proibia dizendo que continha imoralidade, coisa que minha ingênua cabecinha não conseguia alcançar na época.
Os anos sessenta vieram com bastante novidade musical. Muita quebra de paradigma, com a chegada de Os Beatles e seu “Yeah! Yeah! Yeah!”. Daí surgiu o nome “Iê-iê-iê”. Também tivemos a chegada dos Bee-gees e sua famosa “I Started The Joke”, e o Mick Jagger e seu “Satisfaction”. Também muitos outros nomes tanto no cenário internacional quanto no nacional. Neste, a Jovem Guarda surgiu como um divisor de água no conceito musical. Marcaram muitas vidas com seus berrantes estilos de roupa e muitas mensagem subliminares e muitas vezes direta, como palavras de ordem geral. Surgem também a MPB e a Tropicália com o estrondoso sucesso de Caetano Veloso com o seu hit “Sem Lenço e Sem Documento". Meus tios coroas ficaram horrorizados com sua foto do casamento de capa da revista “O Cruzeiro” com um terno extravagante, flor rosa em sua lapela. E a gente já conhecera sua voz recentemente transmudada de menino adolescente a jovem a cantar “Marcianita” que também foi gravada por Sérgio Murilo.
Com o advento da famigerada revolução de 31 de Março de 1064, a censura caiu pesada sobre os atores, cantores, compositores. Estes falavam em código, nas entrelinhas de suas canções. “Carolina” de Chico Buarque era uma dessas entre tantos. No Ceará surgia o movimento Padaria Espiritual de onde saiu o “PESSOAL DO CEARÁ e deste, Ednardo, Belchior e Fagner, já mais dentro dos anos setenta.
São tantos exemplos que tonariam esta crônica mais extensa do que é para ser. Mas, nisso tudo me conscientizo que a música realmente é relacionada ao momento que marcou a nossa vida. Às vezes fico admirado como certa música de minha época é tão bela e tão importante pelos laços que nos marcou e a geração de meus filhos nem aí para elas, da mesma forma que as deles não conseguem nos impactar. De repente, alguém tem uma brilhante ideia e faz uma releitura de uma música que marcou em minha época e dá uma nova roupagem, e aí aquela música tem muito valor para eles, porque é aquele o momento certo para eles.
Então, chego a uma patética conclusão. Não há música feia. O que falta para ela é o público certo, no momento adequado para marcar o ouvinte. Respeito o gosto de qualquer um. É um direito inalienável de ter ou não predileção por essa ou aquele música. Lembremos de que as do nosso agrado também podem não lhes agradar.
Cada um com o seu gosto por música. O que importa é que esta nos marque, melhor ainda nos momentos mais agradáveis de nossas vidas. Música é sempre bem-vinda.