Passeio nas galáxias

Ele dorme a sono solto e sonha...

Sorri imperceptivelmente, sua respiração acelera e a sombra de sorriso se amplia, enquanto seus pés se mexem. Há uma certa inquietação na figura adormecida e pra um espectador, ele estaria despertando, tal a maneira como ele resminga e mexe a cabeça agitado agora.

Nada mais errado. Seu sono tomou uma profundidade tal, que ele agora é um passageiro do mundo onírico, com todas as amarras quebradas. O fio de prata foi desenrolado em toda a sua extensão e a terra agora é uma bola azul distante e pequena em meio a outros corpos.

Uma espiral prateada, com tons que vão de prta a chumbo, rodeia aquele espaço.

Um arco-íris se forma bem ao seu lado e ele não resiste á tentação de pegar os baldes de tinta e mudar um pouquinho aquelas cores. Pega os pincéis e dá um toque de azul mais forte no azul claro.

Passa uns minutos naquela brincadeira mas se cansa e resove andar.

Ele passeia leve, chutando pedrinhas como um moleque, nas estrelas.

Se prepara pra um grande salto e aterrissa levantando poeira dourada luminosa, quando cai na galáxia vizinha, cujo nome impronunciável neste momento não tem mais importância. Nomes, números, detalhes de só-menos, pra quem brinca com as luas de Júpiter, ou se aproxima correndo de Marte.

Corre em círculos, nas luas de Saturno, e a imagem de um sol se pondo ao longe capta-lhe o olhar.

Lindo, vermelho, soltando chispas como linguas de ouro que dançam loucamente ao se soltar da grande bola incandescente.

Ele sorri, contando; é o quarto por-de-sol que ele assiste hoje.

Sentado na beira de uma das crateras da lua, bastava espichar o pescoço para ver sucessivos por do sol.

Ele não se cansa do espetáculo.

Uma supernova brilha assstadoramente perto e se apaga em questão de segundos. Ele se aproxima mas teme o buraco negro em cuja borda ela caiu.

Não se aproxima por medo de ser sugado, mas de repente, mãos como fraldas azuis pegam-no e o puxam. Ele grita, querendo se soltar, mas é tragado.

Cai, cai, cai, vertigionsamente num breu absoluto e o som da queda em direção ao fundo é ensurdecedor. Parecem muitas águas, num crescendo até a explosão, que lhe cega.

Tenta soltar-se, já que mãos lá do fundo, lhe puxam e puxam... e puxam...

Tony, Tony, pára de gritar, eu tou com medo. Tony...

O que está acontecendo aqui?!

O que foi, eu... que é?... O buraco, o buraco, … me solta.

Tony, acorda, é um pesadelo.

Ele se senta na came espantado, enquanto a mãe lhe sacode e o irmão menor choraminga ao lado da cama.

ONDE FICOU AQUELE MUNDO DE SILENCIOS E DIMENSÕES EXTRAORDINPÁRIOS ?