IDONEIDADE

A naturalidade dos fatos dos acontecimentos nos remete há conceitos prévios, não têm-se clareza, nem certeza muito menos maturidade para tais opiniões, por exemplo, veja a narrativa:

- você sabe quem se separou do marido?

- Não! Quem?

- A Tereza, menina! Disse que estava cansada de lavar roupa intima de homem, de colocar a toalha no banheiro todo dia. Vê se pode isso?

- Mas ela deixou aquele homem? Que dava tudo pra ela, um homem bom!

- Pois é minha mana! Eu lembro que brigavam de vez em quando, mas quem nunca teve uma rusga com seu marido! Apesar de tudo eu daria tudo pra ter um desses!

Por incrível que pareça a narrativa tem toda uma coerência de ideias, segundo as personagens, mas o que tem de verídico nessa narrativa?

Para o espantar das moças tagarelas Tereza ouviu a conversa que parecia tão informal sobre sua vida conjugal e lhes deu uma explicação desnecessária:

- Ora minhas caras amigas! Já que se deram o trabalho de tentar, digamos assim, “entender” minha vida ex-conjugal, deixo esclarecer:

- Suas ideias não correspondem aos fatos, apesar de não ter que dá satisfação; Levar a toalha a toda hora que também tinha que lavar a cueca com resto de cocô dele me enojava, mas se pra vocês, ganhar algumas coisas pra compensar esse serviço extra, está bom então podem ficar com ele! Façam bom proveito!

Percebam que Tereza usou de ironia em alguns momentos, mas ainda assim se justificou, suas justificativas eram pra convencer as tagarelhas ou simplesmente para calar suas bocas?

Ainda que existisse uma justificativa plausível, não caberia tal explicação. Os conceitos prévios ou não, são julgamentos condenativos da realidade do outro. Ao ouvirmos uma historia é quase impossível não darmos uma opinião, chega a ser um testemunho contra ou a favor da pessoa que independem do grau de afinidades, mesmo não tendo nenhum grau de parentesco.

Os julgamentos que fazemos das pessoas são visíveis e distanciados, mas a realidade só é uma e vivida por quem de fato é de direito, cabe a nós respeitar.

A vida só diz respeito a quem de fato é de direito.

J.angel-Recanto das letras.