FEIRA PSICODÉLICA

Quando discutimos sobre a função de determinada coisa, é porque ela já deixou de ter relevância, não é mais importante e absoluta. O questionamento é o sinal de que algo é preciso ser mudado para garantir a sua continuidade. È assim com as profissões, os objetos e até os sentimentos passam por esse processo de reestrutura.

Aconteceu com a contracultura da década de 1960, foi desprestigiada e manipulada de forma a desaparecer. Somente as culturas erudita e popular representavam a autenticidade dos valores nacionais. Os modernistas penduraram a contracultura em uma forca e tiraram o banquinho.

O complexo de colonizados serve até hoje de base nas reconstruções da identidade cultural brasileira. O apego ao que é estrangeiro viciou o intelectual universal, que examina tudo à luz do poder e da força.

“Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor”, ao som dos Novos Baianos o movimento da contracultura era a forma do artista praticar a transgressão e contestar a descaracterização dos valores culturais e sociais. A natureza era valorizada; a vida comunitária; a luta pela paz e o respeito às etnias e minorias; a alimentação natural; o incômodo com as guerras; a liberdade nos relacionamentos sexuais; o anticapitalismo; as práticas religiosas orientais e ainda tinha o reconhecimento do intelectual orgânico que trabalhava por meio de seu senso crítico.

Estou trazendo essa discussão imaginando que assim possam emergir os malucos daquela época, evocando o mundo dos mortos, quem sabe a consciência renasça de uma inspiração distraída e a gente ainda encontre espaço para armar uma tenda na feira psicodélica.

Ricardo Mezavila
Enviado por Ricardo Mezavila em 31/08/2012
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