frio XXI
Odeio ser jovem nesses tempos. É difícil ficar apaixonada em um mundo onde os pares de olhos não se encontram mais.
Será que, no contemporâneo,o amor se resume em poucos meses recheados de mentiras na espera pelo fim?
Eu não queria estar aqui onde corações e sonhos são jogados ao vento, vestidos de noivas são brancos por conveniência e, com vinte e poucos anos, as pessoas já tiveram quarenta e tantos amores eternos.
Ligo a televisão para me desligar do frio XXI, e lá, o comentarista, Nelson Motta, fala sobre as moças denominadas periguetes, do quão são adoradas e respeitadas nos dias de hoje. Ah, isso não, por hoje não! Prefiro dormir e sonhar com os anos 70.
Hoje, quem não se respeita tem respeito, quem busca amar ganha uma grande bagagem de dor, sofrimento e perda. Quem quer amor tem sofrimento, quem quer beijar só na balada tem respeito. Quem mente ganha amor, quem ama ganha mentira.
Eu canso de pensar, durmo, acordo e sonho, aqui, em 2012.
Ah, como eu queria estar lá em 1970, sendo cortejada por apenas um rapaz, sincero, disposto a vir falar com meu pai para pedir minha mão em casamento...
Incomum no XXI é querer apaixonar-se apenas uma vez, ter uma família, ficar velhinha e ter a mesma pessoa ao lado.
Nesses tempos o comum mesmo é recomeçar.