Dando palpite onde não fui chamada.
E lá ia eu rodando para a reunião das Contadoras de Histórias quando meu companheiro Mr. Green meteu a cara onde não tinha sido chamado e acabou com a lataria de um carro que passava. Tirando fora as confusões resultantes e asseguradas que não havia sangue em lugar nenhum, nem por um instante passou pela minha cabeça encontrar justificativas para a minha responsabilidade. Se fizesse força, pouca, achava fácil. Mas não foi isso que aprendi, se fui responsável por causar algum dano a alguém, nada mais justo que tentar minimizar. Porque existem coisas que são irreparáveis. Uma vida, por exemplo.
Há umas duas semanas atrás, um freguês saindo da minha Fábrica de Pães, a Padaria Rocha, atravessando a rua na faixa, foi atropelado por uma moto, o corpo lançado longe e acabou morrendo. Quem o atropelou foi uma jovem de 23 anos, sem habilitação, com uma carona menor de idade. A moça também se feriu por isso não foi presa na hora. Não conheço a moça e nem sua família, pelo menos penso que não. A vítima, descobri depois, era irmão de um conhecido meu, filho de um advogado.Dele não sabia nada antes, só que era nosso cliente. Eu o encontrava sempre, um homem calado, nos cumprimentávamos. Conversávamos banalidades, gostava de fazer palavras cruzadas, bom para a cabeça, disse um dia.
Como tudo o que acontece na vida, por um período, causa comoção. Não há dúvidas, ela estava duplamente errada, ou até mais. Deve ter suas justificativas, todos temos. Mas o que não concebo é ouvir algumas conversas onde tratam de transformar a vítima em vilão.Coitada da mocinha, tão nova, estragou a vida, vai presa e certamente condenada. Não pode haver dúvidas sobre isso, uma pessoa inocente que atravessava a rua comendo um chocolate, foi atropelada e morreu. A moça, por mais pena que se possa ter dela, matou um homem não premeditadamente, mas cometendo todas as violações que poderiam causar a morte de alguém – excesso de velocidade, nenhum respeito à faixa de pedestre, falta de habilitação. Um homem morreu. Mas ficar na cadeia, junto aos bandidos?. Vai acabar saindo, ré primária, paga umas cestas básicas...Bem sei que acabará sendo assim, talvez não por causa do corporativismo, pai e irmã do morto advogados.
Sou contra tudo isso. Não sou a favor da Lei de Talião, olho por olho, dente por dente. Não sou a favor de encarcerar ninguém por anos sem nenhum propósito de redenção, nem de valorizar tão baixo a vida, equiparando-a a cestas básicas. Mas acredito piamente, não me chamasse eu Olímpia e acreditaria do mesmo jeito. A pena tem que ser proporcional ao crime e ter efeito reparador, reconstrutor. Essa seria a única hora em que eu gostaria de ser juiz. Em um caso como esse, o acusado teria que ser responsável por todos os gastos financeiros decorrentes do acidente e óbito além de por anos, não qualquer finzinho de semana, ficar ali, naquela faixa, controlando a passagem de pedestres. Talvez se conseguisse salvar outra vida o carma seria eliminado.
E lá ia eu rodando para a reunião das Contadoras de Histórias quando meu companheiro Mr. Green meteu a cara onde não tinha sido chamado e acabou com a lataria de um carro que passava. Tirando fora as confusões resultantes e asseguradas que não havia sangue em lugar nenhum, nem por um instante passou pela minha cabeça encontrar justificativas para a minha responsabilidade. Se fizesse força, pouca, achava fácil. Mas não foi isso que aprendi, se fui responsável por causar algum dano a alguém, nada mais justo que tentar minimizar. Porque existem coisas que são irreparáveis. Uma vida, por exemplo.
Há umas duas semanas atrás, um freguês saindo da minha Fábrica de Pães, a Padaria Rocha, atravessando a rua na faixa, foi atropelado por uma moto, o corpo lançado longe e acabou morrendo. Quem o atropelou foi uma jovem de 23 anos, sem habilitação, com uma carona menor de idade. A moça também se feriu por isso não foi presa na hora. Não conheço a moça e nem sua família, pelo menos penso que não. A vítima, descobri depois, era irmão de um conhecido meu, filho de um advogado.Dele não sabia nada antes, só que era nosso cliente. Eu o encontrava sempre, um homem calado, nos cumprimentávamos. Conversávamos banalidades, gostava de fazer palavras cruzadas, bom para a cabeça, disse um dia.
Como tudo o que acontece na vida, por um período, causa comoção. Não há dúvidas, ela estava duplamente errada, ou até mais. Deve ter suas justificativas, todos temos. Mas o que não concebo é ouvir algumas conversas onde tratam de transformar a vítima em vilão.Coitada da mocinha, tão nova, estragou a vida, vai presa e certamente condenada. Não pode haver dúvidas sobre isso, uma pessoa inocente que atravessava a rua comendo um chocolate, foi atropelada e morreu. A moça, por mais pena que se possa ter dela, matou um homem não premeditadamente, mas cometendo todas as violações que poderiam causar a morte de alguém – excesso de velocidade, nenhum respeito à faixa de pedestre, falta de habilitação. Um homem morreu. Mas ficar na cadeia, junto aos bandidos?. Vai acabar saindo, ré primária, paga umas cestas básicas...Bem sei que acabará sendo assim, talvez não por causa do corporativismo, pai e irmã do morto advogados.
Sou contra tudo isso. Não sou a favor da Lei de Talião, olho por olho, dente por dente. Não sou a favor de encarcerar ninguém por anos sem nenhum propósito de redenção, nem de valorizar tão baixo a vida, equiparando-a a cestas básicas. Mas acredito piamente, não me chamasse eu Olímpia e acreditaria do mesmo jeito. A pena tem que ser proporcional ao crime e ter efeito reparador, reconstrutor. Essa seria a única hora em que eu gostaria de ser juiz. Em um caso como esse, o acusado teria que ser responsável por todos os gastos financeiros decorrentes do acidente e óbito além de por anos, não qualquer finzinho de semana, ficar ali, naquela faixa, controlando a passagem de pedestres. Talvez se conseguisse salvar outra vida o carma seria eliminado.