60 - C Idos de Março
Este é o meu terceiro primeiro de Março a seguir ao derradeiro soco.
À primeira vista,
este terceiro dia parece igual ao primeiro,
mas visto com um dedinho de atenção,
até o mais distraído dirá:
mas não é,
e não é porque não és o mesmo,
mudaste.
E eu até juro que sei dizer porquê:
amadureci no vilolento incêndio da despaixão.
O que também sei é que ontem festejei o meu terceiro dia daquele dia da minha libertação de uma maneira suave e limpa.
Vivi cada momento com o mesmo gosto com que via minha avó
Deodata chupar ‘ossinhos’ da cabeça do peixe ou limpar pescoços da galinha.
Um a um.
Devagar.
Devagarinho.
Arregalando os olhos de gula calma.
Deliciando-me.
Mário Moura
1 de Março de 2012
Ribeira Grande