Otimismo não mata
Para ficar mais comovente, eu imagino que o Brasil é um velho senhor com mais de 500 anos, muito rico e que está em estado grave na UTI.
Repleto de artérias entupidas de gordura e com alguns orgãos tomados pelo câncer, o funcionamento do corpo já não é mais vivaz.
Os orgãos já estão todos debilitados, funcionando no limite da exaustão, e as pernas não respondem mais aos comandos do cérebro.
Os responsáveis por cuidar da saúde do idoso vivem em constante desacordo de decisões.
Alguns dizem que é melhor desligar os aparelhos que o mantém vivo, porque a situação é irreversível, que a tendência é piorar.
Contrapondo, alguns outros, que são minoria, fazem uso do clichê "enquanto houver vida há esperança". Um sonho intenso.
Os remédios receitados pelos médicos, numa desesperada tentativa de melhorar o quadro de saúde, proporcionam uma modesta melhora.
E então, num lapso de otimismo, eu nos imagino como eficazes anticorpos, incubidos de combater as células cancerígenas. Nós Somos os únicos capazes.
Logo, combatido o câncer, ainda restam as artérias entupidas. Mas essas são difíceis de desobstruir. A cura só vem adotando bons hábitos.
Contudo, o mais importante já terá sido evitado. A falência mútipla dos orgãos.
Tomada pelo civilismo, minha mente idealiza o velho senhor com mais de 500 anos fulgurante, impávido, colosso.
Antes, à mercê do mal funcionamento do corpo. Agora, pronto para mais 500 anos, iluminado ao sol do novo mundo.