Otimismo não mata

Para ficar mais comovente, eu imagino que o Brasil é um velho senhor com mais de 500 anos, muito rico e que está em estado grave na UTI.

Repleto de artérias entupidas de gordura e com alguns orgãos tomados pelo câncer, o funcionamento do corpo já não é mais vivaz.

Os orgãos já estão todos debilitados, funcionando no limite da exaustão, e as pernas não respondem mais aos comandos do cérebro.

Os responsáveis por cuidar da saúde do idoso vivem em constante desacordo de decisões.

Alguns dizem que é melhor desligar os aparelhos que o mantém vivo, porque a situação é irreversível, que a tendência é piorar.

Contrapondo, alguns outros, que são minoria, fazem uso do clichê "enquanto houver vida há esperança". Um sonho intenso.

Os remédios receitados pelos médicos, numa desesperada tentativa de melhorar o quadro de saúde, proporcionam uma modesta melhora.

E então, num lapso de otimismo, eu nos imagino como eficazes anticorpos, incubidos de combater as células cancerígenas. Nós Somos os únicos capazes.

Logo, combatido o câncer, ainda restam as artérias entupidas. Mas essas são difíceis de desobstruir. A cura só vem adotando bons hábitos.

Contudo, o mais importante já terá sido evitado. A falência mútipla dos orgãos.

Tomada pelo civilismo, minha mente idealiza o velho senhor com mais de 500 anos fulgurante, impávido, colosso.

Antes, à mercê do mal funcionamento do corpo. Agora, pronto para mais 500 anos, iluminado ao sol do novo mundo.

Paulo Marinho Junior
Enviado por Paulo Marinho Junior em 10/08/2012
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