Lidando com as perdas no *amor*

O ser humano não foi treinado para lidar com as perdas. Somos uma espécie recheada de sentimentos de todos os tipos. Tudo dói. Tudo machuca, faz ferida, mexe e altera o funcionamento de cada órgão de nosso corpo. Se ele liga, as pernas tremem. Se ele desaparece, o coração aperta. Se ele olha pro lado, a corrente sanguínea passa de 10 à 100km em intervalo de segundos. Se ele aparece, o estômago vira de cabeça para baixo. Aí voltamos ao tema “costume”, muito tratado por aqui. Nem é amor, nem aquela paixão arrebatadora mais. É um todo dia no mesmo horário que até enjoa. Estão acostumados, meu bem. Mas nenhum dos dois jamais admitirá isso. Para todos, é uma bonita história de amor. Para eles, um “impossível viver mais sem” =a COSTUME. Um belo dia: Fim da linha. Fim da história. Sofrimento sem fim. Dá pra viver sem amor? Dá. Dá porque não era amor. Dá pra viver sem ele? Não. Não porque era acostumada com ele. O que fará todo dia as oito da noite? E aos finais de semana? Cos-tu-me. E ponto. Amor você fica sem, amor não tem data nem hora marcada. Amor é paciente, resiste ao tempo, a distância e até ao fim da linha. Amor não se altera. Não ama-se mais, nem ama-se menos. Amor não tem medidas. E eles achando que estão morrendo de amor. Que a vida não faz mais sentido sem aquele tão acostumado todo dia. Acham que o mundo vai acabar, que a dor é insuportável, que a tristeza é arrebatadora. Enquanto isso, em um hospital, um ente muito querido de uma família inteira está indo. Indo para nunca mais voltar. Em um eterno estado irreversível. Filhos choram, netos choram, o amor de uma vida inteira chora também. Ela luta para sobreviver mas já não tem mais forças. Todos sabem que a qualquer momento ela pode ir, todos sabem que ela irá e nada mais podem fazer para evitar isso. Família é tudo. É nossa base. Amigos nos levantam, nos dão forças, nos fazem descobrirmos nossa importância e nossos valores. Amor é para a vida inteira, estando perto ou estando longe. Ninguém morre por amor, amor é bonito demais e só dá orgulho para quem sente. Viver um grande amor é viver o amor que sente com a certeza de que quer ver a pessoa bem, feliz, crescendo, é a preocupação com a felicidade. Pode-se viver um grande amor ao lado da pessoa cujo amor é depositado ou não. E isso não faz do amor menor ou maior. Antes de sofrer achando que estar separado da pessoa que você “acha” que ama é o fim do mundo, lembre-se que o fim do mundo é ver alguém de sua família, alguém próximo a você, indo para nunca mais voltar. Se você nunca passou por isso, ótimo. Nem queira e aprenda a dar valor ao amor e a importância certa a cada perda em sua vida sem ter que passar por isso. Se você já passou por isso, sabe do que estou falando e sabe muito bem que nenhuma dor no mundo, nenhuma perda no mundo é maior do que esta. Depois de passar por isso, você vira e diz: O resto é resto.

AMOR: Sentimento único, verdadeiro e da melhor espécie. Sentimos por determinadas pessoas. Algumas de forma mais leve, outras de uma forma mais escancarada, mas em todos os casos, jamais saberemos rotular como amor. É tão grande que chamar de AMOR seria se igualar a todos aqueles que dizem “eu te amo” como quem diz “bom dia”. E quem sente sabe que é muito mais intenso do que isso. Amor. Sentimento perfeito e não-rotulável. Calmo, puro e paciente.

Paula Cassim

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