Quando chego em casa à noite
Não há ninguém para me receber quando chego em casa à noite. Ninguém. Ninguém mesmo. Claro que existem muitas coisas piores do que isto. E existem melhores também.
Com certeza existem pessoas em pior situação do que a minha. E em melhor também. Quando eu estive no Exército uma das canções que nos faziam cantar era mais ou menos assim: "Agora eu não posso parar, se eu paro eu penso, se eu penso eu choro." E enquanto cantávamos, ficávamos fazendo exercícios físicos.
O fato é que não há quem esteja me esperando em casa. E isto é muito triste. Qual é o santo que pode me ajudar?
De que vale eu ter primeiro, segundo grau, entrado na faculdade, me arrebentado trabalhando, feito meus deveres como cidadão, dando bom dia para todos e mais alguns, para ter de acabar assim? De que vale eu ter poupado, me endividado, viajado, pesquisado, jogado, passeado e até me entusiasmado, para depois...
Vivo no mundo à toa ou sem sentido, ou estou numa outra dimensão. Trabalhar para quê? Porque voltei para casa mesmo? Não devia ter voltado talvez... Talvez eu realmente não more aqui. Esta é minha ilusão. Meu endereço.