Isto não acontece no Brasil, Só acontece em Brastópolis
Mais um dia maravilhoso, que a mãe natureza se incumbira de esculpir, amanhece na maravilhosa Brástópolis. O sol despontava na imensidão do céu azul. No horizonte, o embevecido Poseidon deixara a nostalgia de uma imensa linha imaginária. Na orla da praia, pessoas felizes transitavam como se nada fosse mais alegre que viver nesta fogosa megalópole. No pico do morro, Jesus Cristo ainda estava de braços abertos num cartão postal, mostrando que cuidava de seus filhos, com olhos atentos.
Brasilândia era um país abençoado por Deus, mas Brastópolis se projetava além de sua riqueza, com belas mulheres que brotavam da terra, como se fosse esta, a preferida de Era, Deusa da fecundidade.
Nas ruas, turistas iam e vinham se deliciando dos frutos caprichosos. Ao redor de toda aquela beleza, distribuída em mares de morros, lares se agarravam a despenhadeiros, em verdadeiros malabarismos pictóricos. Como numa pintura de Salvador Dalí, figuras de lares estendiam-se, fazendo contraste entre prédios luxuosos e condomínios de personagens abastados e famosos. Eram as favelas, onde sorrisos abriam cheios de esperança vâs e os estômagos vazios cantavam tristes músicas em sons descompassados.
Em barracões sem conforto e em ruas sem esgotos, desciam e subiam mulheres tristes, de semblantes alegres- É que as músicas de carnaval mandam sorrir sempre, faz parte da fantasia e da ilusão.
O dinheiro maldito, que fazia muitas mães chorarem sobre corpos de filhos perdidos, tinham destino certo. Iam para as mãos dos corruptos que pregavam justiça.
Eram tantas mentiras e tantas enganações, que ao povo perdido só restava sorrir.Tanta graça e beleza e um mar tão azul, escondiam mazelas de um povo alienado. Nos jornais das manhãs, em meio às desgraças de pobres, uma mulher sempre nua se fazia em contraste. E o povo de novo, no caminho para o trabalho, se refestelavam sozinhos, vendo a desgraça alheia e uma fêmea desnuda.
Mas nas sombras e nas vielas da pobresa, espectros sorrateiros espereitavam para aproveitar a decadência humana que reinava sobre a cidade. A corrupção do corpo e da mente impregnava a sociedade pervertida de Brastópolis. Em meio aos sorrisos e às demonstrções de alegria, o reino da obscuridade se assentava vagarosamente como outrora no império decadente de Roma.
Nos batidores dos poderes, homens e mulheres se entregavam às orgias e à degradação humana em luxúrias e desperdícios como em Sodoma e Gomorra.
Brastópolis se sucumbia à devassidão e a ridicularidade. Mulheres nuas saiam pelas ruas em festas de louvores a deuses pagãos e o sexo se tornara apenas uma diversão para bêbados e prostitutas. O corpo não era mais um reino de pureza, mas um obejeto de negociação.
Os valores se distorciam enquanto Jesus pairava sobre os corpos em putrefação. Risos de escárnio e maledicências se ouviam por todos os lados. Em meio à Gemidos de sexo explícito em cada canto vazio, Bêbados e mendigos emolduravam os cartões postais.
Brastópolis se afundou em maldição e perversão enquanto o povo sorrindo imaginava ser feliz.