JÁ SE FORAM...
JÁ SE FORAM...
Não há dúvida de que não podemos impedir o progresso. As coisas vão se modernizando, e qualquer tipo de ação que tolha a imposição de novidades, pode ser classificada como “estar na contramão da história”.
As alterações urbanísticas são as que mais nos deixam perplexos. As aberturas de novas vias, grandes avenidas são as que nos causam maiores impactos, gerando grandes modificações na paisagem da cidade.
Todavia, existem aquelas alterações impostas pelo progresso, que mexem com nossos sentimentos de nostalgia, deixando-nos com o gosto amargo que a saudade sempre produz.
Nossa cidade, Santo André, não fugiu à regra.
É o caso, por exemplo, da onda de construção de conjuntos de prédios de apartamentos, em locais onde, antes, existiam indústrias tradicionais, casas com imensos terrenos, lojas comerciais. Lugares que se tornaram pontos de referências, quando se desejava indicar a localização de algo. Citamos, onde ficava a Atlantis do Brasil, uma indústria química, fabricante do famoso Anil Kollman. Popularmente, a indústria era chamada de Anilina. Hoje, em seu lugar, há um enorme condomínio de apartamentos, com três ou quatro torres. Assim, também, na antiga residência da família Tognato, uma verdadeira chácara, em plena Avenida Dom Pedro II, lá nos seus confins, onde está sendo construído outro conjunto de prédios. Na avenida Portugal, onde estava a casa dos Lucchesi, a Vila Rosa tão tradicional, estão levantando um prédio comercial. A casa foi tombada pelo patrimônio histórico do Município, obrigando a incorporadora, no projeto, a respeitar a existência da mesma. Sua fechada será preservada. Ainda bem!
Em meu primeiro livro, Um Passado Sempre Presente, na capa coloquei algumas fotos antigas, dentre as quais, a de um micro ônibus defronte à Pharmácia Santo André, do Zezinho Brancaglione, famoso farmacêutico da cidade, na esquina da Coronel Oliveira Lima com General Glicério. Quem observar, no outro lado da rua, à direita da foto, pode perceber a loja Casutil, de roupas. Em seu lugar, posteriormente, se instalou a Casa Tóquio, da família do meu amigo Tetsuo Murakami. Quem não comprou um relógio, uma jóia ou uma caneta ali? Não posso precisar, mas, essa loja perdurou por mais de 50 anos, creio eu! Hoje, passando por lá, vemos a construção de um prédio, que ligará, através de uma galeria de lojas, esse ponto à Rua Campos Sales.
Outro local que me surpreendeu, foi a esquina da Travessa Lourenço Rondinelli, antiga Travessa Ipú, com a Rua Siqueira Campos. Desde que me conheço por gente, ali havia uma sinagoga, templo dos judeus. Há alguns anos, o prédio já velho, deteriorado, sem qualquer manutenção, estava para desabar, e a colônia judaica, havendo construído a nova sinagoga em outro local, dali mudou. Recentemente, o antigo prédio foi substituído por nova construção, muito bonita, aliás, com tijolos aparentes, de aspecto daqueles existentes em New York, do tipo de galpão velho remodelado, estando anunciada a instalação de um restaurante, cafeteria e lounge. Espero que dê certo, para ser mais uma boa opção de local onde poderemos passar agradáveis momentos.
Como esses citados, existem vários e vários outros, principalmente em grandes avenidas como a Portugal, que à semelhança do que ocorreu com a Avenida Brasil, na Capital, todas as antigas mansões já não mais existem, ou transformadas em prédios residenciais, ou em estabelecimentos comerciais.
É o preço da modernização!