Não Estrague Tudo
Se for para abordar todos os assuntos de uma conversa descompromissada seria impossível falar sobre qualquer coisa plausível. Mas em geral o tema era comportamento humano e relacionamentos. Algumas coisas que já discuti, ou melhor, fiz monólogos aqui no blog.
Começou mais ou menos assim: o que fazer quando não se sabe o que fazer da vida?
Eu, como naquele texto que adoro citar, não me sinto culpado por não saber o que quero fazer da vida. Na verdade tem dado certo viver cada dia por vez. Não que eu não planeje o futuro, discordo de que quando não se sabe para onde vai qualquer lugar serve. Eu sei pra onde vou, apenas não sei o que fazer enquanto caminho despreocupadamente até lá. Sei que vou chegar. Tempo eu tenho.
Mas o pensamento despreocupado, descompromissado e leve que tenho da vida é uma particularidade minha. Na verdade a maioria de nós esta focado nos problemas e fazem deles a razão de sua vida. E quando os problemas consome todo o nosso tempo, o tempo também passa ser um problema. E, por fim, nos pegamos trintão, trintona e ainda procurando realizar as ideias de família, casa, emprego, filhos... tentando se adequar aos parâmetros de uma sociedade que destruiu seus próprios parâmetros e perdeu referenciais.
Tenho uma proposta pra você. Esqueça os dogmas sociais, esqueça o que você acha certo. Esqueça os problemas. Como diziam os antigos: o que não tem remédio, remediado está! Deixe-me lembrar- te novamente do que disse Mary Schmich:
“Talvez você case, talvez não.
Talvez tenha filhos, talvez não.
Talvez se divorcie aos 40, talvez dance ciranda em suas bodas de diamante.
Faça o que fizer, não se auto congratule demais, nem seja severo demais com você.
As Suas escolhas tem sempre metade das chances de dar certo, é assim pra todo mundo.”
E só para ficar bem registrado “É ASSIM PRA TODO MUNDO”.
Então, se você é solteiro, quando acordar, por que não perguntar: o que posso fazer hoje que se fosse de outro jeito não poderia? Se for casado, ou compromissado, lembre-se das tantas possibilidades de se viver momentos incríveis a dois. Do que me adianta, quando só, pensar o que seria se fosse a dois. Ou quando acompanhado desejar a solidão? No filme “A Maquina do Tempo” Uber-Morlock diz a Alexander – você é impulsionado pela duas palavras que consomem a humanidade “e se”. E Alexander conclui: “Fui longe demais”. Verissímo vai além e diz que “Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.” Pois “embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.”
Então, viva.
Não estrague tudo. É sério, não estrague. Quando pensamos no que podia ter sido e não foi, quando não arriscamos uma lançar-se de cabeça em algo totalmente novo, e talvez concebido no mais íntimo do nosso ser, estragamos momentos incríveis. “De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.” Viva, dance, namore... Esqueça seu umbigo e se preocupe com as outras pessoas. Do que adianta estar cercado de vinte mil pessoas se não me interessa o individuo ao meu lado. Talvez você não tenha solução para os seus problemas, mas muito provavelmente terá para os problemas dos outros. É só esticar uma mão amiga. Não estrague tudo e ouvirá sonoras gargalhadas, e vai rir se si mesmo e dos outros sem se sentir constrangido e sem constranger. Poderá viver momentos profundos com pessoas que talvez nunca imaginasse viver.
Deixe-me fazer um comentário um tanto mais pessoal. Muitas das vezes antes de mergulhar em um mar de oportunidades e riscos, riscos até mesmo de estragar tudo. Eu penso: isso vai dar uma merda! Mas deixe dar, deixe acontecer. Deixe a vida não seguir seu curso. “Desconfie do destino e acredite em você.” De outra forma, muitas vezes, eu estragaria tudo.