25 - C Falta de jeito
A minha absoluta falta de jeito de mãos
Não foi aprendida,
foi herdada de meu pai.
O Sr. A. Moura era bom em muita e muita coisa:
Na cozinha, por exemplo, era um chef afamado, no dominó um jogador falado,
mas não sabia sequer mudar um fusível.
Tudo para contar que:
a bateria do meu Jimny foi-se abaixo enquanto estive hoje no Parque Atlântico e eu sem saber o que fazer como de costume.
Durante umas três ou quatro horas, à espera que o filme começasse
(estive a ler e a escrever)
enquanto via o filme,
a bateria drenou como água a pingar de uma torneira mal fechada.
Isto porque me disseram que talvez a culpa fosse do rádio mal fechado.
É bem possível:
já me pregou partidas bem piores!
Confesso sem vergonha
(já a perdi)
que não tenho dedos que chegam para contar as vezes que isso já me aconteceu:
sei que o Jimny pega de empurrão (é a gasolina),
sei até que se engata uma mudança e pronto,
mas esqueço-me sempre da mudança.
A solução é encontrar gente prestável que saiba:
felizmente, encontro sempre gente:
uma vez foi o meu cunhado da porta ao lado,
outra,
o vizinho da frente,
outra ainda,
um tipo com cara de porreiraço no parque da praia grande do Pópulo.
Já me convenci de que
para estas coisas técnicas,
os meus miolos são de areia e não de tecido como deveriam ser
e por isso
o que eu devia saber
some-se pelo cano abaixo do esquecimento
enquanto o Diabo mais Novo resmunga Bom Dia ao Diabo mais Velho.
E já desisti de aprender!
Cada um nasce para o que é!
Ponta Delgada
29 de Janeiro de 2012
Mário Moura