ELA FICOU NO "CARITÓ"

ELA FICOU NO CARITÓ

“E tira o pó, Vitalina,

Bota o pó, Vitalina,

Moça velha não sai mais do caritó” (cantiga popular)

Sabe o que significa “ficar no caritó”? Se não é nordestino e se é jovem, certamente nunca ouviu falar. Pois é, na crônica “Vitalinas”, publicada na revista O Cruzeiro, em 1959, Rachel de Queiroz explica a origem da expressão: “caritó” era uma pequena prateleira colocada no alto da parede ou nicho nas casas de taipa, onde as mulheres deixavam fora do alcance das crianças objetos cortantes, remédios, o pedaço de fumo, etc. A partir da cantiga popular A Vitalina, o termo passou a ser usado também para denominar a moça que não casou, ou seja, não saiu da prateleira, do barricão, ficou encalhada, esquecida.

Claro que é um termo antigo, mais conhecido no interior nordestino, sendo sinônimo de solteirona, balzaquiana, donzela...

Uma filha moça no interior que não se casava, “ficava pra titia”, ama seca dos irmãos mais novos, a bordadeira, a professora...

É claro que hoje continuam a existir as mulheres que não casam, mas não se sentem e não são consideradas um refugo.

Essas “Vitalinas”, mesmo nas mais longínquas províncias já não mais existem.Surgiram as “moças livres”, as “mulheres profissionais”, as mulheres independentes e casamento para elas passou a ser uma opção de vida.

E como diz Martha Medeiros, há homens que têm patroa. Há homens que têm mulher. “E há mulheres que escolhem o querem ser”.

Em 12 de junho de 2012

GSpínola

GSpinola
Enviado por GSpinola em 15/06/2012
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