A Alternativa Correta
“Você pode querer calá-lo por ser louco, pode cuspir nele e mata-lo como a um demônio; ou pode prosternar-se a seus pés e chama-lo de Senhor e Deus. Mas que ninguém venha com paternal condescendência, dizer que ele não passou de um grande mestre humano. Ele não nos deixou essa opção, e não quis deixá-la.”
C. S. Lewis
(Cristianismo Puro e Simples; Pág. 70)
Tudo que direi agora terá toda a influência da didática de Lewis, mas em certo sentido não deixaram de serem minhas próprias conclusões, pois quando li “Cristianismo puro e simples” de C. S. Lewis o que mais me espantou não foi as grandes verdades expostas nele e sim à forma autêntica de como foi expostas. Acredito que nunca conseguiria me expressar de forma tão acertada. Mas tudo que foi dito eu já conhecia de certa forma. Hoje, embalado ainda pelas palavras de Lewis, vou expor um pouco do cristianismo em mim.
Se você conhece minha família, meus pais principalmente, e em algum instante encontra-los por aí e pergunta por minha pessoa, se eles conhecerem em você um cristão, eles lhe dirão – ore pelo Edson para que ele volte ao caminho do Senhor – é óbvio, eu sei, que eles têm um preocupação real com meu futuro eterno. Mas sua consciência está presa, ou melhor, aprisionou o evangelho de Jesus no templo e na comunhão dos irmãos. Grande erro. Não que a comunhão não seja necessária. Mas a salvação não está aí.
O problema está na visão – a pergunta certa a se fazer neste caso é: você consegue enxergar um palmo além do seu nariz? – Conseguimos ver o passado e o presente e vislumbrar parcamente o futuro baseado em nossas pretensões. E tudo isso preso no espaço e tempo. Mas a maioria das pessoas que possuem uma fé; crê de fato em algo mais pleno, vão um pouco mais longe. Nós cristãos olhamos um futuro eterno. A maioria dos cristãos que não conseguem ver este futuro eterno possui uma fé frágil.
A verdade é que devemos parar de nos preocupar com o amanhã, dia seguinte, mês seguinte, ano seguinte. Quando digo para de preocupar é no sentido de importância. Quando você começar entender que apenas o fato de poder puxar oxigênio para o seu pulmão neste exato momento é por que Deus lhe está concedendo este privilégio entenderá que o pão de cada dia também pertence a Ele. O importante é: Onde você estará quando a eternidade chegar? Cem mil anos vivendo aqui é uma ínfima fração do nada comparado à eternidade.
No momento em que pensamos na eternidade, nosso futuro real, a próxima pergunta a ser feita é: Como garantir uma eternidade confortável? E quando digo conforto comparo com o presente momento – Alimentação, moradia, lazer, satisfação em geral. Vida. Uma vez que nossa natureza física tira o alimento da terra da qual foi criada é de se supor que nossa natureza espiritual retira seu alimento do espirito que a formou. Se Deus soprou em nós folego de Vida, nossa vida se alimenta de Deus.
Agora vou lhe contar algo que talvez você ainda não tenha percebido. Já tínhamos um futuro eterno garantido. Como criaturas criadas por Deus, tínhamos um propósito escolhido por Ele a alcançar, mas em dado momento usamos mal o livre arbítrio que Deus nos deu. (O livre arbítrio é a expressão máxima do amor de Deus. Sem ele estávamos escravizados a vontade de Deus, com ele Deus nos tornou livres.). Assim resolvemos que Deus não era necessário, acreditamos que podíamos ser autossuficientes. Cortamos o cordão umbilical e a partir daí começamos a morrer. Sem a fonte da vida eterna, como ter vida eterna? Estávamos fadados à morte. O uso do nosso livre arbítrio não foi acertado, erramos o caminho correto, erramos o alvo. E essa é a definição da palavra pecado, errar o alvo.
Vou parar por um instante a nossa triste história e contar outra. Podemos dizer que é o outro lado da mesma moeda. Como isso afetou (se posso usar esta expressão) o nosso Criador. Max Lucado diz no livro “quando os anjos silenciaram” que se tivéssemos pedido ajuda no momento da decisão Deus iria ao nosso socorro, mas não o fizemos e Ele respeita isso. A bíblia diz que Ele nos ama como um pai ama um filho. E se nos amou tanto a ponto de nos dar o livre arbítrio e nos fazer livres, como um Pai, Ele não iria nos isentar das consequências do nosso erro; e a consequência é a morte. O salário do pecado é a morte.
Outro fato sobre Deus é que Ele não se sabota, e sendo assim não iria mudar nosso destino. Fazendo isso nos faria filhos mimados que não possui a noção da consequência de seus atos. Mas como um Pai amoroso ele fez algo por nós. Ele criou uma alternativa, uma alternativa que lhe custou ver o próprio filho reduzido à condução humana em consequência de um erro que não cometeu. Mas ele achou que valíamos a pena.
No momento em que estávamos presos as consequências eternas do nosso pecado Deus nos apresentou uma alternativa. Uma vez que não anularia as consequências do nosso erro, nos propôs deixar essa natureza e esse folego de vida corrompido e aceitarmos uma nova natureza, uma vida diferente da que criou em nós. O que Ele propõe é criar em cada um de nós um novo homem, uma nova natureza tão esplendida, poderosa e profunda que não é capaz de caber em nossa concepção.
Deixe-me falar um pouco do criar essa alternativa. Se fosse apenas nos dar um folego de vida diferente, pois o que primeiramente nos deu nós o destruímos, não custaria nada a Ele. Mas, diferentemente, nos propôs algo muito mais especial, decisão gerada em seu amor, nos ofereceu sua própria vida.
C. S. Lewis chama de boa infecção a forma que Deus introduziu sua vida na humanidade.
Quando Deus separou a mulher do homem na criação, ele nos deixou com o folego da vida, este que nós corrompemos, mas deu a elas o poder de cultivá-lo. Esta aí o mistério do nascimento virginal de Jesus, Deus não usou nosso folego de vida caído, mas pôs seu próprio filho para ser gerado como homem no ventre de uma mulher, introduzindo assim sua vida na humanidade. Cristo o filho único de Deus viveu e morreu como homem para mostrar que é possível viver nos caminhos corretos de Deus, morreu em pagamento de um erro que não cometeu. E no fim mostrou a humanidade que a vida que Ele possui a morte não pode conter.
Jesus voltou para Deus como homem perfeito e vivo e nos deixou a escolha, a alternativa. Podemos continuar a viver este folego de vida contaminado pelo erro ou aceitar a vida de Cristo. Viver como ele viveu, e no final Ele nos dará uma natureza nova, completamente nova, capaz de abrigar a plenitude da vida de Deus.
Ao escolher a alternativa você assume que errou, assume seu pecado. Ser pecador.
Você pode me dizer – mas, Edson, não fui eu que escolhi desobedecer! – mas acredite que o pecado e sua natureza de morte, também é uma infecção. Uma má infecção. E contaminou não somente a natureza física, mas também a espiritual. Você em algum ponto é um pouco ou muito egoísta, um pouco ou muito orgulhoso, um pouco ou muito vaidoso, cruel, arrogante, etc. Estes adjetivos fazem parte desta natureza caída e desse folego de vida corrompido que herdamos de nossos pais.
Ele, Cristo, quer mudar isso em você e em mim. E quando Ele nos chamar para si estes adjetivos não fará mais parte de nós. Então pense bem, você está na era da escolha. E não sabemos quanto tempo ela vai durar. A escolha é urgente, pois quando este tempo terminar “não adiantará dizer que prefere estar deitado, quando não for mais possível ficar de pé.” [Lewis]