Histórias de um mundo bipolar
Neste exato momento me vejo observando uma série de movimentos de luzes. Enquanto os meus ouvidos captam diversos tipos de sons. Quantas pessoas animadas. Esplêndido. Porém, no meio de todo movimento, sinto como se meu corpo estivesse dentro de uma bolha enorme e impermeável. Percebo que tudo aqui fora eleva cada vez mais a temperatura, comparado com alguns dos meus órgãos. Infelizmente, um dos mais importantes. Por breves instantes vi algo contorcendo. Simplesmente, avistei um sentimento tão bonito se esvaindo de minhas mãos. Embora, uma parte minha já tivesse certeza do que presenciava, a outra ainda tinha ‘’esperanças’’ de que tudo aquilo fosse fruto de inseguranças. Não hesitei, e fui ao seu encontro. Lamentavelmente, você nem notou que a sua garotinha estava na sua frente. Intacta. Imóvel. Conseqüentemente, eu captava atitudes nas quais indubitavelmente retratavam a realidade. Gritos. Pulos. Excesso de euforia. Em síntese, anormalidades. Contudo, o coração não suportou tanta dor, tarde demais para que as lágrimas não percorressem minha face. Tudo que eu mais queria naquele instante era poder me transportar para um local longe de você, meu ego cobrava isso. Mas algo não permitia que eu deixasse você. Ainda insistia em permanecer por perto, mesmo vendo você me evitando afim de que eu não percebesse um erro. Quanto desgosto! Por quê? Pra que? Tentava encontrar um motivo plausível para todas as ações da noite, e nada. À medida que o tempo ia se passando, por instantes, eu me sentia tranqüilizada. E em um desses instantes, vi você segurando minha mão e perguntando: ‘’ Quer conversar? Por que você esta assim?’’ Ainda assim, continuava optando pelo silencio no decorrer do tempo que estávamos juntos. Ou melhor, as lágrimas insistiam em responder pelas palavras. Hoje, após uma noite inteira melancólica, além de uma dor intensa na alma, sinto a fragilidade dos pés à cabeça. Por onde eu passo, deixo rastros de esmorecimento. Tenho a sensação de que tudo que vivemos era algo desnecessário para você. Simplesmente, é como se eu fosse algo inútil para você. Vivemos em dois mundos, e cada vez mais forças parciamente desconheçidas aumentam a distância entre dois amantes.