“Cheguei à conclusão, ali não era o meu lugar. Do outro lado do mundo.”

Nos mais diferentes momentos de nossas vidas, os amigos que escolhemos, serão companheiros especiais. E nesta viagem, cada companheiro de quarto, foram um presente exclusivo, e nada melhor de que apresentar está minha (amiga), Maria Elena, segura de si, mas um pouco frágil, mais buscando trazer para si os melhores momentos desta viagem, investia cada vez mais, para o seu auto conhecimento. E assim, em uma manhã em Veneza, desembarcamos, sobre um sol do calor de um fogo adormecido, nós duas caminhávamos, sobre aquelas ruas estreitas de Veneza, e, assim deslumbrada com tudo com que víamos horas a fios, e de lojas em lojas, comprávamos lembrancinhas, para nós e nossos amigos no Brasil, e uma destas visitas em uma destas lojas, conhecemos um italiano, dono da loja. E de uma conversa simpática, ele nos falou de uma ponte, que levantou uma curiosidade por minha amiga, Maria Elena, onde ela começou a fazer perguntas para saber onde ficava está tal ponte. Obs: [Quando, a curiosidade é muita, pode ter um preço]. Então como já estava na hora da gente retornar para o barco, onde todo grupo já devia estar, resolvemos ir embora. Mas a cada passo que a gente dava, ela falava, “estou querendo conhecer está ponte.” E assim quase me obrigando, a acompanha-la, eu ia seguindo junto dela, eu ia falando: “Maria Elena, vamos embora, já está na hora.” Mas ela fingindo, não me ouvir, ela ia no sentido onde poderia estar, a “tal ponte”. Mas finalmente eu tomei uma decisão, parei, e disse: “Eu não vou mais te acompanhar, se você quiser ir, vai sozinha.” E parei de frente a uma barraca que me cobria do sol, numa atitude de iniciar um boicote. Mas, esta decisão que tomei, deu origem a uma experiência desagradável, tanto para mim, quanto para ela. E assim sem olhar para trás, ela seguiu em frente e sumiu em meio à multidão de turistas. E ali parada, eu não sabia o que fazer, se, eu seguia em frente ou voltava, e deste jeito fiquei ali alguns minutos, esperando ela voltar. Mas a espera foi em vão, e foi quando eu decidi voltar pelo o caminho indicado por ela. E assim fui caminhando sobre aquele sol de Veneza a procura do barco, onde eu encontraria o resto do meu grupo, mas eu ia percebendo que aquele caminho não estava me levando ao meu destino, mas mesmo assim eu continuava, resistia a não voltar para o outro lado, mas eu já estava percebendo, os meus braços já doíam pelo peso das sacolas, os meus pés também reclamavam de cansaço, mas vendo que não encontrava o lugar certo, resolvi por fim voltar para o outro lado. E fui andando, andando, sem resultado, com a esperança de encontrar um rosto amigo, ou também aquela minha amiga, curiosa. E assim, entre as pessoas desconhecidas, eu ia seguindo. Os meus passos já estavam lentos, os meus pés doíam, e o desespero começou a florar em meus sentidos, a minha cabeça começou a ficar confusa, já não sabia se era o barco que eu deveria encontrar, ou, era um ônibus, entrei em desespero e só pedia a Deus para que eu encontrasse o lugar que procurava, mas tudo em vão, nada, apenas via pessoas, pessoas que não conhecia pessoas estranhas que falavam línguas diferentes da minha.

E novamente resolvi voltar para o lugar de antes. E assim fiz todo o caminho de volta e a cada badala do sino da igreja, o desespero vinha, e, eu dizia para mim mesma: “O barco vai embora, vão todos me deixarem aqui, eu não consigo encontrar ninguém, meus Deus! E falava baixinho, quase um sussurro, dizia não, me abandone não me abandone... E assim depois de andar muito, cheguei a um lugar conhecido, perto das gondolas, onde me lembrei do guia Fernando aonde agente tinha ficado conversando, e me lembrei de um fato e da pergunta que tinha feito pra ele. E assim com grande força, eu memorizei aquela conversa e cheguei a conclusão, ali não era o lugar de encontrar o meu grupo, na verdade era do outro lado. E de novo voltei e fui caminhando, e mais uma vez pude ouvir o sino tocar, e a cada badalada, eu contava : “1,2,3,4,5, e meia.” E assim como uma criança que se perde de seus pais em meio a multidão, queria apenas um abraço ou um toque de alguém conhecido. Mas eu precisava seguir e conseguir o que eu mais desejava, encontrar o barco. Mas o incrível, quando agente crê, que a um Deus a nos guiar, aconteceu que por um instante, eu percebi que uma pessoa poderia me ajudar, e pensei, a primeira policia que apareceu no meu caminho, vou pedir ajuda , e fui caminhando de um jeito que as minhas pernas já não conseguiam me levar a nenhum lugar mais, elas pareciam que me pediam, ou talvez imploravam, chega, chega, não aguentamos mais! Mas como eu sempre acreditei que, seja onde for, estou sempre segura, há sempre uma proteção, porque o Universo conspira para o meu bem, e que, eu quero ele, virá até a mim. E assim acreditando nesta crença, a alegria veio em meu coração, quando eu avistei, não um policial mas, sim dois, e expressando o meu desejo, fui a seu encontro. Então o que eu não esperava, mas queria, do outro lado, logo em frente, avistei meus companheiros de grupo. E assim fui dividir com eles, a minha companhia, e sem dizer o que tinha me acontecido. Exausta, cansada ainda confusa, me encostei embaixo de uma cobertura para que a sua sombra me aliviasse do calor, e ali eu fiquei pensando em tudo o que eu tinha passado, parecia que eu tinha sido tragada pela correnteza, nas revoltas águas de um rio, mas alguém atirou uma corda e me levou até as rochas, onde todos me esperavam, estava sem forças, mas resgatei meus amigos. E se vocês quiserem saber da minha amiga de quarto, Maria Elena, eu digo; O mesmo aconteceu com ela... Se perdeu, só, com uma grande diferença infelizmente, ficou perdida por horas, entre as ruas estreitas de Veneza, não chegou a tempo para o embarque. Mas conseguiu sair do local com segurança, recebeu os cuidados necessários dos policiais de Veneza. Mas apesar da heroica ajuda dos policiais, Maria Elena tremeu na base (gíria popular.) brincou de ser curiosa, mas estava no lugar errado. Mas o melhor de tudo isto, durante toda a viagem, fiquei atenta, até o fim da viagem, que durou 14 dias, foi maravilhoso, visitei lugares na Europa, que não imaginei que um dia, eu poderia estar. Este presente Deus doou para mim. Conheci varias pessoas, americanos, italianos, argentinos, franceses, espanhóis, russos, holandeses, japoneses e também brasileiros. Mas sem dificuldade consegui me interagir, com a minha alegria e simpatia. E assim nesta viagem fantástica nº 1, decolei como uma cidadã brasileira, e voltei da Europa, Itália, França e Holanda ainda mais brasileira, pois percebi que o nosso Brasil é amado, só precisa um pouco mais de cultura, para que se acomode melhor ao lado de todos estes estrangeiros, e que a gente possam sorrir de um jeito simpático, para que não fiquemos sem jeito, quando um norte americano perguntar, lá do outro lado do mundo.

-Excuse me, do you speak english?

- Desculpa, o senhor fala inglês?

-Yes, but... Sim, mas não perfeito.

Pois junto com está resposta, apenas podemos devolver com um belo sorriso, nada mais.

A viagem foi fantástica, na verdade o que mais me encantou, foi o desconhecido, e assim defini que o objetivo final desta viagem, foi voltar para casa, e que eu pude perceber, que voltei ainda mais apaixonada, pelo o meu “Brasil.” Estive fora do meu ninho, uma personagem que volta para casa um pouquinho decepcionada por coisas presenciadas. Aprendi algumas coisas, que me fizeram transformar para melhor. E assim como uma aventura, meio retorno veio em forma de cultura, de entendimento, de experiência e principalmente como uma forma de investimento, para o meu conhecimento. Lembranças eu irei guardar, de todas as imagens vistas, porque a liberdade de observar, eu tive sem dúvida, e sem interferência de ninguém, “pois cada um, caminha seguindo a visão de seus próprios olhos.” E assim cheguei à conclusão que está liberdade é perfeita e absolutamente fabulosa. E quando alguém me perguntar. Qual o lugar, o país que você mais gostou, direi com uma pitada, de uma postura quase francesa (risos), pois com este espírito romântico, que eu tenho, percebi que as mulheres francesas, na verdade : “ É amor puro que une os corações de dois amantes, com todo sentimento de felicidade.” Admiravelmente calculados para incendiar, a cabeça dos homens. Na França há uma arte do amor, que se cultiva de um modo vibrante, talvez trágico e também pode ser divertido ao mesmo tempo, eu acho! Porque as prosaicas do amor e do sexo, não estão preocupadas com o ponto de partida no mapa do amor, e a geografia da paisagem do seu coração, se estende, a um caminho... Continuar sendo elas mesmas. “Fazer o amor, não a guerra.” Certa vez Marguerite Duras, uma grande dama das letras do séculos XX. Escreveu: “Vocês mulheres devem amar demais um homem, demais, demais, vocês devem amar demais, porque do contrário, eles serão intoleráveis”. Uma viagem pode não ser a vida, mas é uma bela metáfora dela. Defrontamos com uma realidade, que nos abre a alma para o entendimento.

Entretanto, viajar de volta, para a nossa casa para o nosso país, nos faz considerar que, que é aqui, está a nossa gente, a nossa... RAIZ!

Neire Lú

Madame X.

23/05/2012

Neire Lú
Enviado por Neire Lú em 23/05/2012
Reeditado em 23/05/2012
Código do texto: T3684170
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