A IDADE MUITO ALÉM DA APARÊNCIA
A noite de 25 de setembro de 2010 na cidade onde resido, Guarapuava, ficará na minha memória como um dia que alguns tabus para muitos foram quebrados, não só em questão da idade, mas provocou também a reflexão de como eles se formam e precisam ser superados para que a humanidade possa se desenvolver de forma mais completa (corpo e alma).
Indo ao fato. Aconteceu na citada noite uma festa da melhor idade; agora mais do que nunca; sei porque melhor idade – pois várias pessoas que já passaram dos 50 anos festejavam a vida em uma das suas melhores manifestações, ou melhor, como ela deveria ser celebrada – em muitos momentos - pelas pessoas: com alegria, respeito, arte e encanto.
A alegria era um brinde à vida que se estendeu generosamente dando-lhes experiência, opção de escolha, sabedoria e equilíbrio entre corpo e alma.
O respeito foi um tempero que encontrei lá e está faltando a muito dos nossos jovens e nesta festa foi brindada, pois idades se fundiram – todos eram jovens todos eram idosos. Os jovens presentes, até onde pude perceber, respeitaram os mais velhos que receberam este afeto com generosidade, numa simbiose para o crescimento espiritual, pois neste campo não há idade.
A arte ficou por conta das apresentações artísticas de pessoas que optaram pela vida, deixando para trás suas dificuldades físicas e de uma jornada inteira sem ter a chance de praticar o que gostavam – por exemplo dança – por não terem tempo pelos seus afazeres; não terem um grupo que os acolhesse; por terem inerte algo que nem eles ao menos sabiam; não encontrarem pessoas que os acolhesse ou os motivasse. Então, superando a tudo o que citei, e o que cada um deles guardava em suas histórias, eles se apresentaram, dançaram como jovens (pelo menos fisicamente falando), emocionaram, encantaram e deixaram a plateia (a qual estava divida entre jovens e jovens da melhor idade) uma lição: a vida vale a pena e a arte é necessária. Além de tudo, o espetáculo foi de brilho, de sedução e da sábia decisão: optar pelo movimento é tão necessário ao homem a seu equilíbrio físico e mental, ainda mais quando é feito com amor e dedicação.
O que também chamou a atenção foi a principal atração da noite, o show do quase sexagenário Sidney Magal. Confesso, surpreendeu a todos. Quanta energia! quanta sedução! quanta simpatia! O público feminino foi ao delírio aos calientes passos deste que já foi um dos nossos maiores ícones por quase duas décadas. O que surpreendeu mesmo foi a sua energia: dançou como - diríamos nós guarapuavanos – como um guri. Sua potente voz incendiou a plateia deixando a todos atônitos. A arte quem a faz com amor, paixão, consegue se eternizar: presenciei tal assertiva. O coro “ô eu te amo meu amor” parecia um só e todos freneticamente ajudavam o ecoar pelo salão, eram aproximadamente nos meus cálculos três mil vozes. O Show acabou. A plateia pediu encantada, apelando ao carisma do astro-cigano, mais uma música, o qual atendeu prontamente com a simpatia de sempre. Deixou no ar a pergunta (sem mesmo fazê-la) a arte envelhece? A resposta talvez seja essa: não, ela – quem sabe? - ajuda nutrir a alma – pelo menos nos sentimos bem melhor – foi assim que me senti. E,..., quem sabe alimentados por ela em eventos assim, nós jovens consigamos chegar à melhor idade com um espírito jovem e saudável.
Enfim, este espetáculo me ensinou muito (no mínimo renovou o que já sabia). Devemos respeitar as pessoas independentemente de todas diferenças. Somos iguais, o que nos diferencia é esta capa mortal a qual carregamos por toda a vida, ela sim envelhece, o que é essência não. Mas, este invólucro capta a energia externa, devemos cuidar bem dele sim, pois nos foi dado pelo grande mestre como presente de amor e sem preço. Em momentos assim, somos levados a pensar em algumas coisas – o que é interessante – mesmo desafiando o que nos propõe o estressante ambiente em que vivemos – devemos almejar o equilíbrio do que somos: corpo, alma e coração.
Marcio J. de Lima
26/09/2010.
(devaneiosliterariosdolima.blogspot.com)