Anões de Jardim
 

Estava lendo uma crônica de Beatriz Cruz sobre anões de jardim quando me lembrei de uma história que li em algum lugar do qual não me lembro, sobre seqüestros organizados de anões de jardim. A lembrança era tênue, mas achei que a história se passava na França e como a Beatriz já morou lá logo pensei em fazer uma pesquisa para escrever sobre o assunto em homenagem a esta nossa maravilhosa cronista francófona. É claro, a fonte foi a mais fácil e rápida – o Google.

Descobri que existe um blog que se chama Liga para a libertação dos anões de Jardim e foi lá que encontrei a maioria das informações aqui postadas.

Bem, o caso não se passou exatamente agora, mas foi na década passada deste século – a polícia da Bretanha, no norte da França, prendeu um homem que teria seqüestrado mais de 170 anões de jardim. No entanto a mesma fonte informa que esse meliante não fazia parte da Frente de Libertação dos Anões de Jardim que há anos atemoriza o país. A notícia informa ainda da impossibilidade de devolver os anões aos donos porque o larápio os tinha repintado, dificultando o reconhecimento.

Para que os anões seriam seqüestrados? Para serem devolvidos ao seu habitat natural – bosques e florestas.

Em 2002, também na França, 202 anões foram deixados em um campo de futebol e resgatados pela polícia que os devolveu aos seus donos.

Mas a França não detém o privilégio desses estranhos roubos – Também na Escócia foi encontrado um depósito com 40 anões roubados de jardins de casas da cidade. Na Austrália foi apreendida uma carga com anões de jardim que contrabandeavam cobras e lagartos.

Quem assistiu ao filme O fabuloso destino de Amélie Poulain pode se lembrar que ela roubou um dos anões do jardim de seu pai e o levou a passear pela Europa, enviando fotos de todos os lugares por onde passavam, com o objetivo de convencer o pai a aproveitar mais a vida.

Em 2008, Murphy, um anão de jardim da cidade de Gloucester, desapareceu de seu jardim, mas voltou tempos depois trazendo um álbum de fotografias mostrando sua viagem por 12 países.

No último primeiro de abril, em uma cidade do interior paulista, cujo nome me escapou, foi roubado um anão de jardim, o Zangado, causando muita tristeza porque estava na família há muitos anos e gerações. Pelo que entendi ele era tratado como um animalzinho de estimação. No entanto essa história teve final feliz porque poucos dias depois ela estava de volta, na frente da casa, um pouco escoriado e com um bilhete fazendo exigências para o seu próprio conforto e ameaçando fugir de novo se não for atendido.

Li também a historinha contada por Roberto Martinelli de uns anõezinhos de jardim que desapareceram de Bento Gonçalves e apareceram em Caxias com um letreiro que dizia “Fuzimo de Bento”. Devolvidos ao lugar de origem reapareceram de novo em Caxias, com o letreiro “Fuzimo de novo”

Eu não sei quantas entradas existem para anões de jardim, mas são muitas, tantas que logo desisti, acabei ficando cansada. Mas ainda cheguei a descobrir que corre um sério boato de que esses serezinhos de pedra, em noites escuras, ganham vida e saem andando pelas ruas tocando campainhas e assustando pessoas. Costumam ainda se reunir para contar piadas e depois voltam para casa.

A campainha de minha casa está tocando, mas por segurança não vou atender. Aqui por perto não conheço nenhum jardim que tenha o seu anão, mas já os vi pelo menos em duas residências lá pela Zona Sul.

 
Para Beatriz Cruz.