Quem está morrendo?
 
Se alguém me pergunta quem morreu eu posso não saber responder, mas se a pergunta for feita de um modo diferente, por exemplo, quem está morrendo? a resposta vem fácil, como se estivesse na ponta desta língua,apenas esperando a pergunta se manifestar.
Eu estou morrendo e você também, todos estamos morrendo a cada minuto após nascermos. Tudo, absolutamente tudo que vive, nasceu e já começa a morrer naquele momento. É tudo tão óbvio que não dá para compreender esse pavor de algo que é mais certo que o próprio nascimento que, no mínimo é uma questão de sorte, velocidade e esperteza. Quase ninguém morre às pressas, mas quase não é ninguém. Morrem as pressas os abortados que nem podemos dizer que chegaram a nascer e os natimortos como meus sobrinhos Renato, Marcos e Paulo que vieram e mal abriram os olhos se espantaram tanto que nem quiseram experimentar e se foram embora correndo deixando os seus corpinhos para serem acondicionados em caixas de sapatos e hoje seus nomes são apenas lembranças no túmulo da família. Os outros estão vivendo cada vez mais desde que consigam ficar longe de vícios, de guerras, de veículos motorizados, da poluição  e dos sete pecados capitais. 
 
 

Mais uma mini crônica tecida para o Tecendo Letras, o Blog da Marília, que sempre nos desafia a escrever mais em menos. Nesse desafio eu nada ganhei portanto eu os convido para ver a vencedora em: