Lembranças de Dona Bela.
Nos anos 40 e 50, Dona Bela minha mãe, rodeada de barrigudinhos para ouvir suas Belas Histórias. Em nossos imaginários infantis arrepiávamos de medo da floresta encantada onde estavam perdidos Joãozinho e Mariquinha , perseguidos pela Bruxa Malvada. Via na imaginação cruzando o céu o Pavão Misterioso com suas asas como se fossem néons iluminando o firmamento no breu da noite. Adentrávamos no pomposo palácio em festa pela volta do príncipe João de Calais do exílio. Riamos com às peripécias de João Grilo. Encantávamos com às trapaças de Pedro Malazzarte. Deliciávamos com às astúcias do Bocage.
Minha mãe tinha um viés de Histórias de Jesus e São Pedro quando andavam pelo mundo. São Pedro sempre querendo usar de esperteza com Jesus, mas sempre levando a pior. Um outro tema era sobre os bichos da floresta, era sobre à velhacaria do coelho, à maldade da onça e às astúcias do lobo mau. Emocionávamos com às histórias da Maria Borralheira e Branca de Neve. Ela teatralizava às histórias. Lá no longínquo torrão mineiro, minha mãe era a nossa TV, teatro e cinema. Como disse o poeta: “era feliz e não sabia”
Dedico está crônica a todas mães do Brasil.
"Mãe- é palavra sem rima
Buscá-la é inútil, não tente,
Pois mãe está muito acima
De tudo,de coisas e gente."
Octavio Babo Filho
Lair Estanislau Alves.