O Telefone
Perdida em pensamentos ficava à espera do toque do telefone. Pairava sobre ela a angústia da sempre espera.
Aquela situação arrastava-se por anos; no fundo era insuportável tudo aquilo.
Nada mais era igual. Aquela mulher não queria apenas ouvir a voz do seu amado, desejava tocá-lo, senti-lo do seu lado. Bastava de desculpas, de imaginar.
Foi então que decidiu por acabar com todo aquele martírio.
O telefone toca novamente, ela atende e sem exitar põe fim àquela situação.
Bastava de ausência, de espera, de telefone. O amor não se alimenta de palavras nem de distância. Nossos ouvidos não são capazes de amar, escutam apenas. Não era possível amar à distância, pelo telefone, tão pouco viver de imaginações.
É! Ela estava certa. Pra que imaginar se poderia viver.
O telefone permaneceu ali. Tocou tantas outras vezes. A mulher se fez diferente, deixou de esperar para viver. Percebeu que não era mais a mesma, se encontrou novamente. E o telefone? Continuou tocando.
Ah, caro Marcelo! O homem com sua inteligência criou tantos meios de nos comunicarmos com quem amamos, mas nenhum supera a presença física. Nem mesmo o telefone ainda que você pudesse ser visto nele.
Agora viva com as palavras de sua antiga amada ecoando em seus ouvidos: “Basta de telefonemas! Vou desligar não me ligue mais, pois sua obrigação é estar do meu lado, perto do meu coração!”.
E lembre-se de certa música que diz: “Pra que tanto telefonema se o homem inventou o avião...”. “A fome de amar é real, não se traduz em fios...”. Pois é, não basta apenas telefonar, tem que marcar presença sempre.
Anne Veloso Monteiro
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