CRÔNICAS DE MINHA ALMA - ENTÃO, COMO ME SINTO AGORA?
 
 
Os sentimentos são algo que sentimos nas situações que vivenciamos, e que podem ser para o nosso bem ou para o mal, dependendo das decisões tomadas, porque eles são fruto do que cultivamos com os nossos sentidos. Nossa alma é dotada de três faculdades básicas, que regem nossos sentidos a fim de que mantenhamos o equilíbrio necessário à nossa sobrevivência e bem estar no mundo, pois foi para isto que Deus nos criou. A saber, são estas as faculdades da alma: volitiva, que diz respeito à nossa vontade; intelectiva, que diz respeito ao nosso intelecto e tudo o que se processa nele; e, apetitiva, que diz respeito aos nossos desejos. Ora, elas são livres, desde que não as submetamos à prisão de nossos instintos, pois o poder de decisão é nosso e somente nosso, isto em se tratando de uma pessoa naturalmente normal, ou seja, em plena posse das faculdades de sua alma.
 
Caso nos deixemos levar só pelos instintos, nos tornamos escravos das decisões instintivas que geram os vícios e toda inclinação para o mal que vemos na face da terra. É como nos ensinou Jesus: “Ora, o que sai do homem, isso é que mancha o homem. Porque é do interior do coração dos homens que procedem os maus pensamentos: devassidões, roubos, assassinatos, adultérios, cobiças, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez. Todos estes vícios procedem de dentro e tornam impuro o homem”. (Mc 7,21-23). Logo, precisamos de uma fonte geradora de liberdade, para que nossas decisões sejam tomadas em Deus e para Deus, porque somente em Deus somos verdadeiramente livres e felizes.
 
Então, qual é essa fonte infinda de liberdade, que nos faz tomar decisões em conformidade com a vontade de Deus? São Paulo nos ensina qual é: “Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não abuseis, porém, da liberdade como pretexto para prazeres carnais. Digo, pois: deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne. Porque os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes aos da carne; pois são contrários uns aos outros. É por isso que não fazeis o que quereríeis”.
 
“Se, porém, vos deixais guiar pelo Espírito, não estais sob a lei, porque, o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há lei. Pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito. Não sejamos ávidos da vanglória. Nada de provocações, nada de invejas entre nós”. (Gal 5,13a.16-26).
 
Portanto, o ser humano não é só carne, mas somos almas viventes, dotados por Deus de capacidades naturais e dons especiais para agirmos bem; e mais ainda, depois de batizados, recebemos em Jesus Cristo o dom do Espírito Santo, para vivermos como filhos e filhas de Deus que se destinam à vida Eterna.
 
Então, como me sinto agora? Depende da história que cada um de nós fazemos, se é de salvação ou de condenação. Se for de salvação, nossos sentimentos têm como fonte de inspiração o próprio Deus, e nos levam para Ele (cf. Col 3,17); se de condenação, nossos sentimentos têm como fonte de inspiração nossos instintos naturais desprovidos da graça santificante do Senhor, que nos levam à repulsa de Deus e de tudo o que diz respeito a Ele. (Leia 1Cor 2; Rm 8,5-17).
 
Destarte, “amai a justiça, vós que governais a terra, tende para com o Senhor sentimentos perfeitos, e procurai-o na simplicidade do coração, porque ele é encontrado pelos que o não tentam, e se revela aos que não lhe recusam sua confiança; com efeito, os pensamentos tortuosos afastam de Deus, e o seu poder, posto à prova, triunfa dos insensatos”. (Sab 1,1-3).
 
Paz e Bem!
 
Frei Fernando,OFMConv.