TRIBUTO PARA A FILHA DA ELIS.

Adoro ler a seção de cartas de revistas e jornais.

Servem pra entender um pouco como é a cabeça dos seus leitores.

A Veja SP desta semana publicou duas cartas sobre a matéria da semana anterior, na qual a cantora Maria Rita admitia começar a cantar as inesquecíveis canções com que a sua mãe deliciava os ouvidos, e a alma, de toda uma geração.

Um leitor literalmente desceu a lenha, indignado pelo fato da filha "explorar" o repertório da mãe.

Como se isso ocorresse de fato.

Como todos sabem, a Maria Rita resistiu bastante para incorporar ao seu repertório as canções que a Elis interpretava com maestria única.

E não foram poucas as pressões para que fizesse isso o quanto antes.

Mas ela resistiu a todas, só lançando mão deste recurso quando se percebeu pronta e madura para tal empreitada.

Ela já alcançou o seu lugar vitalício e pós-vitalício no cenário da nossa MPB e não precisa deste artifício para lotar ainda mais os seus shows no país e fora dele.

Ela já cravou o seu estilo, a sua classe, o seu talento genético inquebrantável, desenvolvido às custas de muito esforço, dedicação e trabalho.

E com as bênçãos lá de cima, arrematando tudo por certo.

Algumas pessoas, na posição de incansáveis inquisidores, como se tivessem embebido as suas redomas nas salivas do que é certo ou errado, do que deve-se e não deve-se fazer, ficam fazendo julgamentos ocos a torto e direito. Pura balela no meu entender.

Cada um tem o direito de fazer o que bem entender, desde que com isso não invada o nosso sagrado território e nem venha a prejudicar mais ninguém. Entendo esta atitude plenamente legítima e uma voz clara e pulsante que entendemos por liberdade.

Mais do que "explorar" a imagem daquela que partiu sem que ambas tivessem tido tempo para conviver um tiquinho mais, entendo a atitude da Maria Rita como uma homenagem bonita e muito emocionante à sua mãe, como todos nós gostaríamos de fazer para nossos entes queridos que se mandaram pra outra dimensão, na maioria das vezes sem nos dar um singelo tchau e nem nos dizer o porquê da sua repentina partida.

Maria Rita, vá em frente: a sua mãe, onde quer que esteja, deve estar feliz e orgulhosa do trabalho que você vem realizando, agora certamente mais do que nunca.

Viva Elis! Viva Maria Rita!

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 17/04/2012
Reeditado em 18/04/2012
Código do texto: T3617185
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