POSTOS DE DOENÇAS

POSTOS DE DOENÇAS

Seu Tonico chegou no postinho do seu bairro com sua esposa, dona Jandira,

Por volta das 7 horas da manhã.

Ele, com seu chapéu já gasto, quebrado na testa, calça caindo e camisa surrada,

Chinela havaiana nos pés, barba por fazer e uma louca vontade de ficar bom.

Dona Jandira com o rosto todo enrugado,

Roupinha limpa, bem passadinha, sandalinha plástica nos pés,

Entra para o setor onde se verifica a diabete das pessoas.

Seu Tonico embarca junto, afinal ele é esposo.

Depois de ter perfurado a ponta do dedo de dona Jandira,

A enfermeira confere no digital e diz:

- A diabete da senhora está em 140!

Dona Jandira se assustou, ficou preocupada e seu Tonico também.

Ele conversou com a enfermeira sobre um outro problema:

Ele estava sofrendo de problemas cardíacos

E precisava fazer um tratamento intensivo com urgência.

Estava preocupado e precisava de um médico cardiologista.

A enfermeira alegou que em nenhum posto de saúde da cidade

Havia médico cardiologista atendendo.

Seu Tonico perguntou: e o que eu faço?

- Paga! Respondeu a enfermeira!

Seu Tonico abaixou a cabeça, tirou o chapéu, coçou a careca,

Sentiu vontade de chorar,

Olhou tristemente para dona Jandira que estava meio chocada,

Sem dizer nada, segurou as mãos dela!

Depois voltou seu olhar para a enfermeira e disse: - Obrigado!

E o casal saiu do postinho arrastando os chinelos

Em direção a humilde casinha onde moram.

Outras pessoas que também esperavam a vez,

Ficaram altamente solidárias e faziam comentários.

Pena que essa cena não é raridade nos postinhos de nossas cidades!

Raridade mesmo é encontrar médicos e enfermeiros na saúde pública

Que atendam as pessoas com humanização.

Pena que na cabeça desses profissionais humanização e sinônimo de dinheiro.

Pessoas na situação de seu Tonico e dona Jandira lamentavelmente têm aos milhões.

A começar de nossa própria comunidade.

E o pior é que sempre tem gente prometendo a cada quatro anos que isso vai acabar!

É!

Acácio

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 26/01/2007
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