ENSINO
Hoje de manhã eu vi uma coisa muito rara de se ver. No centro da cidade, todo mundo com pressa, indo trabalhar, o sino da Catedral tocando, avisando que já eram oito horas. Eu ia também, mas sem presa. Tinha uma reunião às nove horas e estava indo tomar café. Ainda tinha bastante tempo, e seguia prestando atenção no sino que tocava e olhando as pessoas que passavam por mim.
Foi quando ouvi uma conversa atrás de mim, a princípio sem importância. Era uma senhora, que aparentava uns 35 ou 40 anos, e uma menina, que devia ter uns 06 ou 07 anos, a qual deduzi ser filha daquela senhora. Não sei o que me chamou a atenção para a conversa delas. Só me lembro de ouvir a menina falando: “...ser educado”. E sua mãe respondeu: “É. Isso é ser educado, mas educação não é só isso. É pedir licença, por favor, dizer obrigado... Não adianta ser obediente em casa, perto dos pais, e não ser quando está longe. Se você aprende uma coisa boa, então você tem que fazer isso em todo lugar. E assim a gente vai aprendendo, um pouco em casa, um pouco na escola, e vai sabendo como se comportar no meio das pessoas...” E foi embora, ensinando a garotinha que parecia beber daquelas palavras, escutando com atenção.
Pensei: “Que legal ver esse tipo de ensino vindo de uma pessoa tão simples. No meio da correria ela achou tempo para educar sua filha. Que bom seria se todos fizessem assim”.
Onde foi que perdemos esses ensinos, ou mesmo o costume de ensinar educação aos filhos? Não me lembro de ter tido esse tipo de conversa com meus pais ou minha avó. Não desse jeito carinhoso que vi hoje. Meus pais me educaram, sim, me ensinaram muita coisa, às vezes aos berros, às vezes com ações. O fato é que, de todos os primos mais próximos, eu e meus irmãos somos considerados pela família como os mais educados, os mais carinhosos e atenciosos. Gosto disso, mas tem uma coisa que me incomoda: onde ficou a educação dos meus primos, que cresceram comigo? Onde eles erraram ou onde nós acertamos para sermos tão diferentes, embora criados juntos?
Pena que aquela senhora estava com pressa... Como eu queria absorver um pouco mais dessa sabedoria que não se aprende na escola e que está tão escassa nos dias atuais. Essa mulher deveria dar palestras, ensinar muitos adultos sobre como agirem, como serem educados; ensinar crianças e adolescentes sobre as regras básicas da boa convivência. Quem sabe, com ensinos desse tipo não tornaríamos o mundo melhor.
Ah, lembrei agora de outra coisa que ela disse no final: “respeitar o espaço dos outros”. É isso que nos falta.
Que mulher sábia! Deus queira que sua filha aprenda e pratique seus preciosos conselhos.
escrito em 22 de fevereiro de 2006.