Insônia
É noite... Quase madrugada. E eu na varanda...
O sol não tarda a aparecer em sua cor alaranjada, rasgando o escuro da noite.
Da varanda olho a rua deserta...
De repente, alguém que chega atrasado. Do trabalho? Não sei. Escuto vozes e novamente o silêncio.
Continuo na varanda esperando o sono que não vem..
A passarada canta em revoada, visitando cada uma das árvores da rua e se formando em bando maiores a cada parada.
Escuto um latido e mais outro, logo todos os cães latem como se fosse um código.
Um bebê chora, na certa pedindo o seio de uma mãe sonolenta.
O sol vem a princípio tímido, como se isto pudesse ser possível. Logo, logo mostrará sua força.
A lua ainda encontra-se lá no alto como a querer guardar seu lugar e que seu brilho ultrapasse a madrugada.
De minha varanda, na minha insônia, vejo o mundo acordar.
Os primeiros madrugadores descem e sobem a rua...
Fico a escutar suas vozes. Não entendo quase nada das conversas... São orações que se perdem na distância.
Um homem desce a rua em sua bicicleta... Que sonhos leva?
Um casal bem agasalhado e com cabelos brancos, calçando tênis esportivo a lembrar-me que preciso voltar as caminhadas.
Agora mais pessoas vestidas para a prática do caminhar.
Lá na varanda começo sentir o cheiro da manhã... Café, frituras...
Carros começam a tirar a tranquilidade da madrugada com suas buzinas e chiados de pneus.
O mundo acorda e eu nem dormi...