DO QUE GOSTO MAIS NESSA VIDA.

Gosto de embebedar o tempo, deixando grogues todas suas certezas, seus quebrantos, seus arlequins.

Gosto de entornar o caldo da paixão, para que perca suas estribeiras e saia do pumo, doida e doída como sempre.

Gosto de fazer graça com os anjos de Deus, para que virem fantoches atônitos enjaulados nas suas próprias canções.

Gosto de cerzir os remendos dos meus sonhos, sobretudo dos mais moleques, para que acordem livres, que se tivesse acabado de pernoitar num canto qualquer da pele da mulher amada.

Gosto de atracar meus medos nas ancas trêmulas da certeza e, por certo, fazê-los dobradiças avessas que nunca saberemos de fato a quem servem, porque isso é o que menos importa.

Gosto de acenar para a dor bem de perto, e assim poder represar as mágoas que ainda não receberam minhas alforrias.

Gosto de fazer troça dos quinhões íngremes da vida, como se deles pudesse sorver meus passos, meus tiros e meus sonhos de fé.

Gosto de dissipar as cavalgadas que minhas cicatrizes teimarão em fazer, pois assim, e só mesmo assim, terei de volta tudo o que um dia fugiu de mim.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 15/03/2012
Reeditado em 15/03/2012
Código do texto: T3555277
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