COM GREVE EM GOIÂNIA, FAMILIARES VIRAM FAXINEIROS!

Na greve de zeladores nos hospitais de Goiânia, o que menos importa agora é saber é quem está com a razão: se a Secretaria de Saúde ou se a empresa que presta serviços. Como vítimas de infecções hospitalares em Manaus, estão todos os pacientes, mas tenho certeza que o presidente da Comissão Interna de Controle Infecções Hospitalares, se é que ela exista e funcione como determina a Resolução, tem o dever e a obrigação de se posicionar sobre o problema e, sendo necessário, até pedir a interdição do hospital por falta de higiene e risco de contaminação, admitida até pelo próprio diretor do Hospital de Doenças Tropicais, Boaventura Brás de Queiroz, também um dos afetados com a greve.

O que não pode e nem deve acontecer são os visitantes e familiares efetuarem essas limpezas só porque os responsáveis para executarem o serviço estão em greve, justa ou injusta, pois cabe à Justiça do Trabalho se posicionar sobre o assunto, o que ela ainda não o fez. Os pacientes ficarão mais expostos ainda aos riscos porque o que mais incomoda é o cheiro dos banheiros; os corredores imundos, como desabafou a assistente social Aparecida Conceição Machado, que acompanha seu filho vítima de AVC.

De um lado, está a prestadora de serviços está com total razão porque não recebendo da Secretaria de Saúde o dinheiro que lhe é devido a dois meses, não pode pagar aos seus colaboradores. Na outra ponta, está a Secretaria de Saúde de Goiânia, que exige documentos indispensáveis para efetuar a liberação dos recursos financeiros, sob pena de ser questionada judicialmente e responder por isso. No centro dessa burocracia, ficam os pacientes, impotentes com essa total irresponsabilidade.

Também não entendo porque terceirizar uma área tão vulnerável de um hospital, ao ponto de ter comprometido todo seu funcionamento por culpa de um greve justa ou injusta! Recursos para a saúde existem, mas desvios de verbas também, infelizmente! Mas o usuário da assistência médica não tem qualquer culpa mas, infelizmente, por ser o lado mais vulnerável, é quem deve arcar com o ônus.

Os funcionários dos pacientes internados não têm competência e nem capacidade para fazer uma limpeza completa. No máximo, podem limpar as áreas mais sujas, recolher os lixos, mas isso não afastará o risco de os internos contraírem infecções hospitalares.

No meu caso em particular, fui infectado por duas bactérias dentro de um hospital conveniado com a Unimed, em Manaus. Do que fui me tratar, estou curado; das bactérias cerratia e borrélia ainda busco uma cura definitiva, inclusive em Goiânia. Por isso, fiquei revoltado ao presenciar as cenas mostrando familiares fazendo limpeza de banheiros, recolhendo o lixo acumulado e zelando pelos corredores, mas isso poderá não livrar aos pacientes de contraírem infecções hospitalares como as minhas, consideradas incuráveis pelos médicos que me assistentem.

Segundo a empresa, a dívida do governo chega a R$ 6 milhões. Mas a secretaria alega que os meses de janeiro e fevereiro ainda não foram faturados por falta de documentação da firma. Isso tem importância para órgãos de fiscalização e controle, porque fui administrador de órgão público, mas há saídas técnicas para se resolver esse impasse sem comprometer a saúde dos pacientes dentro da Lei 8666/83, de Licitações para os hospitais de Goiânia, onde até cirurgias foram transferidas.

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 14/03/2012
Reeditado em 18/03/2012
Código do texto: T3553570