Separação - O Fim de um Relacionamento
Separação nunca é fácil. Mesmo aquelas que julgamos menos intensas.
Mudança da casa da infância, amigos que se mudam para outra cidade, um bicho de estimação que por algum motivo nos deixa.
Que dizer daquelas que refletem em nossa alma? Filhos que vão estudar em outra cidade, perda de um ente querido, síndrome do ninho vazio, um casamento que acaba.
Separação é sempre difícil.
Terminar uma relação não é apenas fechar um ciclo. Desfazer laços com um companheiro ou companheira não é nem simples, nem normal e muito menos confortável por mais ruim que seja esta relação. Há sempre lembranças, planos, falas, promessas e sonhos que ficaram para trás, que por um motivo ou outro não foram realizados. E jamais serão.
Enfrentar e aceitar esta realidade, traz sentimentos de frustração, falha, culpa, angústia, depressão.
Um projeto de vida foi criado no dia em que se optou pela união, pelo morar juntos, pelos anos que viriam e que seriam construídos a dois. Romper este laço, não é só doloroso, é cruel e mesmo que o casamento não tenha sido lá estas coisas, a sensação de fracasso é quase que unânime.
No entanto, separações são necessárias. Algumas inevitáveis. Filhos crescem e seguem o próprio rumo. Ente queridos, envelhecem, adoecem e morrem. Casamentos se desfazem.
Não há relacionamento perfeitos. Não há pessoas sem defeitos. Um casal quando resolve se lançar numa vida em conjunto precisa saber/aceitar/compreender que toda relação é frágil e por ser frágil deve ser tratada dia a dia, minuto a minuto.
Quando nos esquecemos deste detalhe e passamos a desconhecer ou a ignorar o que é tratar bem o outro, a relação se torna doente.
Tratar bem não significa se desdobrar em situações românticas e nem fazer loucuras. Tratar bem, significa perceber o brilho nos olhos diante da mínima conquista, a emoção que não se fala mas está latente, o medo, o desejo e a necessidade de segurança.
Tratar bem é trazer o cobertor em dias de frio, é lembrar da fruta preferida, dos valores que são importantes para o outro, do receios que causam temor e da forma de tranquilizá-lo. Tratar bem não é só não discutir, esbravejar, falar alto e não ser grosseiro/a, mas antes, ter paciência, respeitar os momentos e as falhas e em conjunto, misturar tudo isto e fazer da relação aprendizagem e carinho.
Esta deveria ser a base dos relacionamentos. Um presente de vida a dois, constituído para que os envolvidos amassem melhor e na força um do outro, se tornassem pessoas melhores.
Muitos casais passam anos a fio em uma inércia apavorante, em uma apatia gritante que os torna seres sem vontade de buscar a vida. Muitos são os argumentos para a manutenção deste tipo de relação: filhos, compromissos financeiros, comodismo. E a integridade? E a verdade diante do espelho? E a hora de dormir e de acordar com a insatisfação? Perguntas que nem sempre possuem respostas, ou se possuem, acabam sendo ignoradas.
Separação não é fácil. Dói, corrói, machuca, fere. Mas também redime, reestrutura e abre novos caminhos e fecha velhas portas.
Separação é necessária.
Quando os objetivos já não são os mesmos, os valores se perderam e o respeito e a afeição estão prejudicados.
Separação é preciso, quando a admiração perdeu espaço para a crítica. Quando a identidade pessoal se confunde com obrigações e resmungos na mesa das refeições.
Separação é inevitável quando a mágoa por se permanecer junto é menor que o carinho que restou das boas lembranças.
Na percepção da realidade crua, é preciso ser forte e muitas vezes, optar pelo correto e que infelizmente nem sempre é o mais cômodo.
Separação pode ser também redenção.