UM DIA ACONTECEU...!
UM DIA ACONTECEU...!
Existem cenas que acontecem no dia a dia, que ficam gravadas na memória. Jamais nos esquecemos delas! Umas, pela peculiaridade do acontecimento. Outras, pela comicidade do fato.
Minha mulher, a Iara, tem a mania de, seja em que lugar for, sempre encontrar alguma pessoa parecida com outra, de seu conhecimento.
- Lima, - como ela me chama -, aquela moça ali, não é a fulana, que mora em Santo André?
Eu, geralmente, demonstro certa dúvida!
- Parece, mas não tenho certeza!
Isso acontece em todo canto, seja no Brasil, seja no exterior.
Em certa ocasião, há uns trinta anos, fomos a Salvador, num passeio de uma semana. O hotel, apesar de na beira do mar, não tinha praia. O Méridien, na Praia Vermelha. Assim, nas vezes em que desejávamos tomar um banho de mar, havia necessidade de usarmos uma condução. Naquele dia decidimos, atraídos pela música, ir conhecer Itapuã... “ôo...passar uma tarde em Itapuã, falar de amor em Itapuã...”. Na realidade, essa praia ficou famosa, por causa do Caymmi, porque ela não tem nada de bonita. O mar com seus arrecifes, pouco chamava para um mergulho. Os sargaços, em grande número, coalhavam a praia, deixando suas areias bem sujas. Entretanto, como toda Salvador, Itapuã carrega um misticismo difícil de definir. Não é bonita, mas atrai! O povo, as baianas do acarajé, as tendas com os peixes, camarões, as caipirinhas, tudo forma um quadro atraente, dando ao cenário certo feiticismo, que acaba nos deixando leves, inebriados. Passamos ali várias horas.
Aí vem a Iara...
- Nossa, olha a Maria, aquela que foi babá dos filhos de minha irmã! É ela, sem dúvida!
Tanto afirmou, que tive de ir perguntar se a moça era, de fato, a Maria. Nem preciso dizer o carão que passei!
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1956. Um acontecimento que muito me impressionou, teve como palco o salão de estudos do internato, no Colégio Arquidiocesano.
Nesse local, nos dirigíamos pela manhã após o café e antes das aulas, à tarde após o recreio que se sucedia ao almoço, e à noite, em seguida ao recreio do pós jantar. Um salão amplo, onde se alojavam todos os alunos das respectivas divisões. Como existiam quatro divisões, os menores, os submédios, os médios e os maiores, havia quatro salões de estudos. Eles eram os lugares onde estudávamos as matérias dadas em aula, e fazíamos as lições passadas. Estávamos no dos maiores, no horário da noite.
João Roberto Barbosa, o Barbosão como o chamava, era um dos maiores alunos, fisicamente. Com quase dois metros de altura, estilo bonachão, calmo, dos melhores da classe, no primeiro científico. Possuía uma enorme cabeça, no sentido longitudinal, e na altura, o que lhe dava um aspecto estranho, parecendo um bebezão. Na realidade, um gigante. Jogava nos times de basquete e vôlei do colégio.
A sala estava em um silêncio absoluto. Repentinamente, ouviu-se uma espécie de urro, durante alguns segundos. O susto foi geral! O Barbosão, após o urro, caiu, ficando estatelado no chão, tendo convulsões. Passados alguns minutos, tudo cessou, ele se recompôs, mas o susto foi muito grande. Posteriormente, através de exames, nada se constatou de mais grave. Felizmente!
Grande amigo o Barbosão! Nunca mais tive notícias dele. Nascido em Presidente Prudente. Sei que é médico, e deve estar residindo por lá. Pelo Arqui passaram dois irmãos seus, o Manoel, mais velho e excelente jogador de vôlei, médico também, e o Deolindo, mais novo, que se não me engano, é engenheiro.
Gostaria muito de rever o amigo, para rememorar aqueles velhos tempos!
Quem sabe? Um dia, talvez!