NOITE DE SÁBADO.
Por Carlos Sena
Por Carlos Sena
Definitivamente a modernidade não modifica a simplicidade da vida, das coisas nem das pessoas. Fazia tempo eu não retornava pra casa altas horas da noite tal qual nos velhos tempos de badalação e aventuras. A noite permanece a mesma, apesar dos carros que superlotam as ruas. As putas estavam lá, os garotos de programa estavam lá. Os mistérios que a noite traz estavam igualmente fora do lugar com o sempre estiveram. Este é um item que a vida moderna e cheia de conforto e equipamentos sofisticados não consegue mudar. Os mistérios da noite são afoitos. Os afoitos da noite são outros como um dia fui e muitos foram e outros serão.
Em cada avenida que se descortinava em minha frente, lá estava ela, a noite, inteirinha, ignorando que existo. Ignorando as putas, os boys, os cafuçus e as cafuléias (gosto desse feminino, mesmo sabendo que ariú é mais usado como fêmea de cafuçu). Senti falta dos neons. Eles eram coadjuvantes das nossas aventuras à noite. Eles me lembravam, de certa forma, as luzes negras dos cabarés de outrora. As cidades grandes não tem mais isto, pelo menos no formato de antigamente. Penso que as cidades viraram uma grande “zona” e por isto os cabarés se acabaram, as putas foram substituídas pelas mocinhas de família que posam de santas pros pais, mas faturam durante a noite sem nenhuma temperança.
Em cada trajeto da noite a gente observa o desejo. Este não mudou, a gente percebe muito bem pelos bares. A aventura igualmente não mudou, está de mãos dadas ao desejo nos bares e nas avenidas. Há mais luxo nos carros. Há mais pujança no vestir das pessoas que passam a esmo na rua. Há muita gente em cada ponto de ônibus aguardando o ônibus pra Paris que nunca passa. Esses detalhes a noite não esconde em si. Ela esconde a solidão em cada poste, em cada mesa de bar, em cada passo a esmo dado nas calçadas pela madrugada.
Em casa, fico feliz por saber que as noites ainda abrigam os mendigos da vida que vão pra rua angariar amor no grosso ou no varejo. Um beijo pelo amor de Deus. Um solfejo, um abraço, um traço, um troço, um carro ou uma moto. Afinal, quanto mais negra é a noite mais longa é a madrugada pra gente se esconder dentro dela e se dizer sem ninguém pra ouvir e se ouvir mesmo sem que ninguém nos diga. As noites de sábado contém em si a dimensão do prazer e da aventura. A ternura poderá ser dada pela prostituta? O risco que corre o pau corre o machado! A noite permanece tal qual um dia foi e nunca deixará de ser. As gentes que nela pernoitam é que se entregam a ela como se ela fosse o manto dos encantos que os príncipes e princesas encantados vestem. Em casa deito e não durmo. Eu quisera mesmo era que a noite de hoje fosse diferente da que um dia eu curti, mas não. Tá ali, feito um tetéu de bananeira aguardando pra amanhecer e deixar todo mundo com a sensação de que viraram bruxas com as primeiras badaladas do campanário do alto da Sé de Olinda.
Em cada avenida que se descortinava em minha frente, lá estava ela, a noite, inteirinha, ignorando que existo. Ignorando as putas, os boys, os cafuçus e as cafuléias (gosto desse feminino, mesmo sabendo que ariú é mais usado como fêmea de cafuçu). Senti falta dos neons. Eles eram coadjuvantes das nossas aventuras à noite. Eles me lembravam, de certa forma, as luzes negras dos cabarés de outrora. As cidades grandes não tem mais isto, pelo menos no formato de antigamente. Penso que as cidades viraram uma grande “zona” e por isto os cabarés se acabaram, as putas foram substituídas pelas mocinhas de família que posam de santas pros pais, mas faturam durante a noite sem nenhuma temperança.
Em cada trajeto da noite a gente observa o desejo. Este não mudou, a gente percebe muito bem pelos bares. A aventura igualmente não mudou, está de mãos dadas ao desejo nos bares e nas avenidas. Há mais luxo nos carros. Há mais pujança no vestir das pessoas que passam a esmo na rua. Há muita gente em cada ponto de ônibus aguardando o ônibus pra Paris que nunca passa. Esses detalhes a noite não esconde em si. Ela esconde a solidão em cada poste, em cada mesa de bar, em cada passo a esmo dado nas calçadas pela madrugada.
Em casa, fico feliz por saber que as noites ainda abrigam os mendigos da vida que vão pra rua angariar amor no grosso ou no varejo. Um beijo pelo amor de Deus. Um solfejo, um abraço, um traço, um troço, um carro ou uma moto. Afinal, quanto mais negra é a noite mais longa é a madrugada pra gente se esconder dentro dela e se dizer sem ninguém pra ouvir e se ouvir mesmo sem que ninguém nos diga. As noites de sábado contém em si a dimensão do prazer e da aventura. A ternura poderá ser dada pela prostituta? O risco que corre o pau corre o machado! A noite permanece tal qual um dia foi e nunca deixará de ser. As gentes que nela pernoitam é que se entregam a ela como se ela fosse o manto dos encantos que os príncipes e princesas encantados vestem. Em casa deito e não durmo. Eu quisera mesmo era que a noite de hoje fosse diferente da que um dia eu curti, mas não. Tá ali, feito um tetéu de bananeira aguardando pra amanhecer e deixar todo mundo com a sensação de que viraram bruxas com as primeiras badaladas do campanário do alto da Sé de Olinda.