A solidão pode destruir um relacionamento

Se olharmos uma mesma paisagem na primavera ou no verão nem parece a mesma, no outono e inverno. O céu cinzento e as árvores desnudas dão uma sensação de vazio, de nostalgia e abandono, até o gramado aparado no início de maio, permanece inalterado com partes ressecadas. Perdeu o viço, o colorido; as flores e folhas caíram e foram varridas para os lados. À esquerda, os pés de pau d’água fechando toda a lateral do muro de três metros, plantados com a intenção de nos dar privacidade dos olhares dos visinhos que moram num plano mais alto, cumpriram seu papel. Mas agora, nos deixa ver a construção aqui e ali. O enorme flamboyant que fecha a frente por cima da entrada é apenas uma peneira filtrando os raios solares; percebe-se completamente o portão. Até a cadela parece abandonada, perdida no gramado. Os raios mortiços do sol penetram pela alta sebe e filtram uma luminosidade opaca sob o ventinho frio de outonal.

Assim como a paisagem exuberante na primavera e no verão se transforma num deserto no inverno, assim também, o enamoramento de um casal perde seu viço se ações e atitudes não forem compartilhadas com respeito às individualidades de cada um. O afastamento do casal deixando as amizades e a família para atender às exigências de um dos cônjuges pode provocar um isolamento que impedirá a colaboração nas horas de sufoco. É desagradável ser procurado só quando se precisa de algo. O bom e gostoso é ter-se relações de amizades equilibradas para que a sua angústia seja percebida e lhe seja oferecido auxílio, espontaneamente.

No isolamento o amor acaba esfriando e o relacionamento pode ser árido tal qual a árvore desnuda que não agasalha nada nem ninguém. Mesmo que se contornem os problemas, é necessário esperar outra estação, para que a paisagem volte a ser verde e aconchegante. Dando o conforto necessário aos que necessitarem de sua sombra.

Portanto, transforme o relacionamento num jardim viçoso e perfumado cheio de rosas, jasmins, antúrios, damas da noite, mas também, aproveite a beleza das marias-sem-vergonha que não exigem tantos cuidados, se adaptam em qualquer ambiente, mesmo nas frestas da calçada embelezando e dando leveza ao ambiente.





 
Benedita Azevedo
Enviado por Benedita Azevedo em 03/03/2012
Reeditado em 23/10/2012
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