FRAGMENTOS I
Imagens antigas, bem familiares invadem minha mente na quietude da madrugada e eu quase nem sei o que querem me dizer, fico tentando encontrar uma resposta e ao mesmo tempo sinto que já a possuo, muito embora ainda não consiga tocá-la, mas sei que ela está lá me esperando a qualquer momento.
Percorro cidades diferentes, incomuns e percebo que guardam mistérios, os quais eu sinto que me pertencem e por isso não estou ali em vão e tenho que encontrar o quê exatamente não sei dizer, embora saiba que estão ali, suficientemente presentes e ao alcance de minhas mãos.
Caminho por ruas estranhas e vejo lugares e pessoas que já nem me recordava mais e nem tenho bem a certeza se um dia realmente as vi ou se deveria me recordar de tais imagens, fantasmas talvez, ou meras lembranças do passado que talvez queiram me apontar o futuro e me mostrar o caminho para o agora.
Imagens, fragmentos desconexos de um tempo longínquo e desbotado pelo passar dos dias, anos a fio, em que tudo mudou e eu já não sou mais o mesmo, junto com o mundo que dança enlouquecido ao ritmo das ambições humanas tão submersas em loucura e insensatez.
O que tanto me procura na calada da noite e o que tanto quero desesperadamente que não consigo deixar em paz nem mesmo enquanto durmo?
Quais são as respostas que repousam em sepulcros esquecidos cujas lápides me são desconhecidas, ou talvez não; quais são as respostas que me levam a busca-las até mesmo sobre os edifícios mais altos e vertiginosos?
O que me leva a adentrar em casas que nunca vi e a percorrer estradas que não sei se podem me levar a algum lugar, pois nunca encontro o seu final e nunca consigo vislumbrar destino algum?
Fragmentos apenas, mais nada de extraordinário, mas o bastante para aguçar minha mente e me dispor a seguir em frente, pois todas as coisas no universo, por mais sólidas que pareçam ser são formadas por minúsculas porções que podem revelar muitos segredos ocultos e por menor que seja o significado de tantas imagens, sei que um dia desvendarei os mistérios empoeirados ocultos em tantos fragmentos que chegam mesmo a perturbar-me a alma.
ROBERTO CARLOS BRAZ DO NASCIMENTO
(ROBERTO BRAZA)
17/03/2008