97 – Red Zone
Fim de tarde doce sem ser adocicado.
Calmo
É surpreendente o à-vontade com que as prostitutas se exibem por detrás das vitrinas.
As vitrinas estão emolduradas por fluorescentes vermelhas.
À minha frente, estou sentado à beira de um braço de um canal, uma prostituta negra gorda, faz-me sinais. Não, obrigado. Parece que ela percebeu. Desistiu. Fala ao telemóvel.
Por aí adiante, há para todos os gostos.
A polícia montada a cavalo está descontraída sobre a ponte.
As pessoas passam como se nada fosse.
É outro negócio respeitável e legal entre tantos outros em Amesterdão.
Ao fim e ao cabo, na Tabacaria quiseram vender-me canabis.
Mas, não deixa de ser surpreendente, como é que cafés, restaurantes, apartamentos, convivem pacificamente com as janelas vermelhas com as prostitutas por detrás.
Elas chamam-nos. A gente chega-se. Elas fazem um preço. Quem quer entrar, entra. Ninguém tem nada a ver com isso.
É um negócio, já o dissemos, como qualquer outro. Dizem que passam recibo. E pronto.
PS: São perto das 10 da noite, e ainda não escureceu. As profissionais já lá estão. Quem quer, olha, quem não quer, passa ao lado. Como se nada fosse.
RED ZONE
Amesterdão
22 de Julho de 2010
Mário Moura