Aninha
Quando você vai arrumar namorado, menina? Pergunta a tia. Você sabia que sua prima mais nova que você esta namorando. Afirma a mãe... E assim começa mais um dialogo passivo-agressivo com minha amada família. Já não bastasse a forma que me olham, como se a falta de um relacionamento fosse sinônimo de doença contagiosa, em que a única salvação fosse uma quarentena – de preferência bem longe das pessoas normais, com seus relacionamentos e planos para o fim de semana.
E me dá vontade de gritar. GRITAR QUE NÃO É NENHUM CRIME ESTA SOLTEIRA. Que muitas vezes eu prefiro está assim; que muitas vezes tenho que pensar que estou melhor assim, para não me pegar permanentemente um uma tristeza daquelas que só sente quem não tem com quem compartilhar os dias, ou andar de mãos dadas, ou ligar no final da tarde para saber como foi o dia... Mais engulo o grito prematuro e dou um meio sorriso amarelo e pergunto como estão as coisas. E me respondem que estão bem, que fulano está um pouco adoentado, talvez seja gripe. Falamos sobre o ultimo episodio de Grey’s Anatomy; sobre o tempo que anda tão instável, ou a falta de dinheiro; ou como “Aninha” esta trabalhando que nem uma louca, mais nunca tem dinheiro para nada. E quando penso que a minha seção tortura acabou, vem alguém e fala. Por falar na Aninha, você sabia que ela vai se casar? Ta vendo, até a Aninha vai se casar, e você? Quer ficar sozinha para sempre?
...Chego em casa com uma sensação incomoda no lugar que fica o coração, como se ele estivesse murchado ao ponto de bater tão fraquinho que parece que esta falhando. E lá vai para o brejo uma noite que poderia ser ótima, curtindo minha própria e agradável presença. Ao invés disso, assistirei pela centésima vez ao filme Nothing Hill, com uma atuação maravilhosa e encantadora do Hugh Grant, com a Julia Roberts; emocionando-me ao som de uma trilha sonora programada especialmente para massacrar os corações dos que sofrem por amor, ou sofrem sua falta. E reavaliarei a minha vida, as minhas escolhas. Tentando encontrar o porquê de estar sozinha. E prometo para mim mesma que não serei tão exigente, que vou dar mais chances, que não vou gostar mais de quem não gosta de mim. E no meio dos meus devaneios emocionais, o telefone toca, e é a Aninha, em prantos, dizendo que eu é que sei aproveitar a vida, que homem não vale nada, que a vontade que dá vontade de não casar, de jogar tudo para o ar e de ficar com cada homem que encontrar em cada esquina. E eu digo que ficará tudo bem, e penso que no final, eu não estou tão mal quanto achava.
Tx. de Freitas - BA, 27 de fevereiro de 2012