Pegadinha do Universo
Nos acostumamos para não enlouquecer...
Fomos jogados em um mundo loucamente lindo e cruel, com prazo de validade. Então, para não enlouquecer (por que isso seria o natural), nos adaptamos ao meio, nos acostumamos afim de que o que venha a acontecer (de bom ou de ruim) não nos roube a sanidade ou a vontade de no final das contas, continuar a viver.
Por que afinal, se pararmos um segundo para analisar que estamos aqui simplesmente para perder, ficaremos tetraplégico pelo medo. Medo de não acordar mais, medo de perder as pessoas que amamos, medo de ladrão, de bicho papão, medo de ficar perdido, medo da solidão, medo de uma vida medíocre, medo dos sonhos não darem certo, medo dos sonhos darem certo, medo da prova de matemática.... Medo...Medo...Medo...
Então, vamos para a fisioterapia, fazemos milhares de seções de "acostume-se para não se importar tanto", nos agarramos à muletas de falsas esperanças de que no fim as coisas darão certas e nos reerguemos. Com alguns espasmos regulares, tendo como contato de emergência um psicologo de plantão...E avançamos, meio tonto, meio sem rumo, meio bêbado, mais avançamos (alguns de pé, outros se arrastando), mais avançamos.
Avançamos mesmo sabendo da triste verdade: precisamos nos acostumar para continuarmos vivos. E que viver (mesmo sendo um milagre) é a maior pegadinha do universo...
Teixeira de Freitas; escrita em 22 de fevereiro de 12, revisada e publicada em 23 de fevereiro de 12