Independência ou morte
15 de Novembro de 2011, feriado que comemora a Proclamação da República do Brasil...com muita chuva, desde cedo...ótimo para ficar em casa no aconchego do lar e da família. O ano aproxima-se do seu final a passos largos e o movimento vai tomando conta das pessoas, numa espécie de frenesim coletivo e desorientado...como se tudo tivesse sido guardado para a última hora. No entanto, hoje a cidade está deserta e apática, lembrando as velhas cidades do do Far-West quando eram visitadas por pistoleiros famosos e perigosos...Não se vê vivalma nas ruas. Quem viajou no feriado e pensou em sol e praia, deve estar desconjurando horrores por não ter aproveitado quase nada e ainda ter de passar por horripilantes "filas" de carros na volta...nada a fazer. Como é habitual e no meu caso, não foi por isso que hoje não deixei de sair para mais um "cooper" sadio, na agradável companhia de mim mesmo. Isso, já que a prática não carece de mais ninguém do que a minha modesta pessoa, cheia de vontade e disposição...Por falar nisso e enquanto corria, reparei que era o único ser vivo que frequentava aquela praça, naquele momento. Nem os cachorros me acompanhavam...Levei quase um susto, quando a certa altura e passando perto de um condomínio ouvi palmas, bastantes palmas e alguém que gritava ;Parabéns!Parabéns!...Olhei para a esquerda e na direção do som...Percebi naquele momento, que não tinha mais ninguém junto a nós, o queria dizer que aquelas palavras talvez fossem para mim...Voltei a olhar receoso para o portão, que se encontrava fechado. Pude perceber tratar-se de um grupo de pessoas que não dava para distinguir quem eram...e bastante empolgados, acenavam para mim como se eu fosse quase um extra-terrestre que tinham acabado de presenciar...Parabéns!!!...Bom, o meu impulso nesse momento foi o de agradecer àquelas pessoas que, para todos os efeitos estavam ali comigo e naquele momento, à chuva...Um pouco menos "loucos" do que eu. Isso me fez pensar em comportamentos humanos. Fiquei imaginando aqueles que pagam para ir em estádios assistir a jogos e torcerem pelo seu time...O que na minha terra se chama de "desportistas de bancada", que adoram ver os outros correr e transpirar, mas são incapazes de o fazer...Bem, cada um sabe de si, é verdade...e todos têm direito à "felicidade", segundo os seus princípios,desejos, crenças e experiências vivenciadas. No entanto, não pude deixar de achar estranho o facto daquelas pessoas me terem aplaudido daquela forma, como se fosse merecedor de uma condecoração...Estariam eles, consciente ou inconscientemente reconhecendo que poderiam ali estar, como eu,. fazendo um bem enorme à sua saúde?!?...Prefiro pensar que sim e achar que esse tipo de situação poderá fazer algum sentido...Afinal, todos nós podemos e devemos, de vez em quando, proclamar um pouco a nossa própria república, independente...ou como diria o outro, em último caso, gritarmos: "Independência ou Morte"!!! (7 de Setembro de 1822).