Lendo, lembrando e pensando.

Eu não posso negar: A Folha de São Paulo é um jornal muito bom. E eu nem queria voltar a assinar... Deram-me 20 dias de presente e eu acabei me esquecendo   de ligar agradecendo o presente e dispensando a assinatura. Mas não me arrependi, vale à pena cada real despendido, embora o meu tempo para a leitura de jornais seja bem escasso.


Ontem e hoje li sobre a nova Ministra, Eleonora Menicucci, que nasceu em Lavras, esta cidade que me recebeu de braços abertos. Como minha memória é extremamente seletiva, perguntei à minha irmã: quando viemos para cá a família dela ainda morava aqui? Em face da resposta afirmativa eu por minha vez afirmei que não a conhecera. Minha irmã riu e disse que eu apenas não me lembrava porque nós inclusive tínhamos ido juntas receber Juscelino quando ele esteve em Lavras. Continuei com cara de dúvida e então ela explicou: O Dr. Silvio (Menicucci, tio da nova ministra) pediu ao Dr. Jacinto (Menicucci, primo dele) que levasse algumas pessoas aqui da rua, e então nosso pai mandou que fossemos com ele e fomos, ela, eu, você e o Chiquito (nosso tio, que morava conosco). Mesmo assim não fiquei muito convencida, apesar da visita de JK ter sido inesquecível para mim. Ainda me lembro dele, naquele dia, carregado pelo povo, passando perto de onde eu estava. Também me lembro da emoção que senti e de ter observado o quão pálida era a sua pele. Mas da Eleonora juro que não me lembro, apesar dela ter se transformado em uma espécie de mito, pelas histórias que contavam sobre ela e eu certamente a admirava e até invejava. Mas não me lembro dela..
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A reportagem que li é do dia 07, assinada por Bernardo Mello Franco – Nova ministra defende direito ao aborto. Eleonora assumirá sexta-feira  a Secretaria das Mulheres e de cara eu vou pensando o meu pensamento – Qual a necessidade de uma Secretaria específica para mulheres se a Constituição já garante direitos iguais para todos nós?  No texto Eleonora diz coisas como já ter se submetido a pratica do aborto duas vezes, ser bissexual, e que se orgulha da filha gay e mãe por inseminação artificial. Na Folha de hoje, ela dá um passinho para trás ao dizer que sua opinião pessoal continua a mesma, mas que ela não importa, pois como membro do Governo, ela seguirá a posição do Governo, que é deixar o problema para o Congresso. Ah, o que não se faz para ter o Poder, abdicando das próprias convicções? Dilma também fez isso porque não queria desagradar aos evangélicos e outros afins, para ganhar as eleições.

Praticante do achismo acho que todo mundo tem o direito de achar o que quiser, inclusive eu, e cheguei à conclusão que sou contra o aborto e a divulgação de detalhes da vida sexual, em minha opinião extremamente íntima. O aborto, por razões óbvias: sou a favor da vida e abortar para mim não passa de um assassinato cruel de um ser indefeso. A discrição na vida íntima é o que nos diferencia dos animais e a responsabilidade na geração de novos seres, outra.

Ao mesmo tempo acho tudo o que é extremado um verdadeiro horror e estou sempre aberta a novas possibilidades de pensamento. Ou seja, mudar de idéia é comigo mesmo, um grande achado da maturidade.

Por outro lado, levando em consideração a genética de Eleonora, ela tem grandes possibilidades de ser uma excelente ministra. Os Menicucci foram talhados para a vida política e nisso posso falar de observação própria. O Dr. Silvio Menicucci foi um grande político em nossa cidade, prefeito, deputado estadual, também perseguido pela Revolução, um grande amigo de Tancredo Neves e seu companheiro político por toda a vida. Foi ele quem iniciou meu pai, Geraldo Melo, na vida política em Lavras (duas vezes vereador e presidente do MDB na longa noite que os militares estenderam sobre o Brasil durante sua disfarçada ditadura).  Sua filha, Jussara, que foi minha contemporânea no Colégio de Lourdes e que aprendi a admirar principalmente quando me tornei professora de uma de suas filhas no mesmo colégio, termina esse ano o seu terceiro mandato como Prefeita de Lavras. E disso tenho orgulho – trabalhei com ela em todos os seus períodos de administração, primeiro como Secretaria de Educação e depois na Cultura, da qual me afastei em julho último, para cuidar de minha Fábrica de Pães. Portanto apesar de continuar achando inútil uma Secretaria das Mulheres, considerando o exposto, sei que Eleonora vai honrar o nome político da família.
 
 
 
 
 (Imagem Google)