Confesso que Vivi
Confesso que Vivi
A vida ficou chata de novo, ou melhor dizendo; a vida não, pois a vida é boa, a vida é bela, e só de estar com saúde e trabalhando já seria mais que suficiente para agradecer. Então vou recomeçar dizendo: - minhas manhãs estão chatas, minhas tardes estão vazias. Os minutos se arrastam a passos lentos, uma hora me parece um século. Minhas histórias estão sem ouvintes, meus segredos perderam os sentidos, meu cotidiano emocional esta inerte literalmente. Pudesse eu ter o talento para escrever algo como o Deus do Vinho, relatar a ausência do ente querido, relatar como a ferida aberta pela distância faz doer. Mas sou poeta de versos curtos, poemas curtos, se falo muito me perco. Mas sou um grande admirador do movimento de rotação e de translação, para mim essa é a lei universal – Nada como um dia após o outro.
Se hoje as coisas não estão bem, me resta os resto dos dias da minha vida para poder melhorar e com certeza irá melhorar, pois nada é eterno, como já disse Vinicius tudo é infinito no seu tempo de duração.
Mas então, como fazer para fugir da solidão tumultuada, isto é, a solidão em meio a multidão é a pior que pode existir, pois se apenas uma pessoa é seu mundo, todos os outros podem ir embora que mesmo assim o seu mundo não estará vazio, muito pelo contrário, terá a única pessoa que de fato interessa – entendeu ? Deixa pra lá, as idéias vão e vem, não sinto tanta vontade de relatar o que sinto embora o esteja fazendo, não quero que essa luz se apague agora, pois ainda resta um pouco mais para se viver essa história.
Aceitar que os sentimentos são alheios a nossa vontade, que infelizmente eles vêem como ondas do mar, e nunca podemos precisar qual a emoção do próximo momento, e de repente chega o dia de rasgar todos os bilhetes, queimar todas as cartas.
É preciso tentar esquecer quando a lembrança lhe acordar no meio da noite, quando a canção tocar no rádio na hora mais indevida. Viver essas emoções que alegra e faz sofrer nos deixa aquele orgulho de não ter tido medo das emoções desconhecidas que a vida algumas vezes nos trazem, e muda nossos conceitos, nos coloca em outras estradas do pensamento, e nos mostra que além do bom dia e boa tarde das nossas aldeias existem um mundo grande e desconhecido atrás das montanhas, além mar, outras vezes não muito distante, muitas vezes, bem dentro da gente, basta ter coragem e não temer viver, pois os sabores da vida são diversos, as lembranças diversas, mas o prazer de vive-las esse é único.
Donizetti Reis
Campos Gerais – 23/01/2012
Da trilogia: Anúncio do adeus
1- Confesso que vivi
2- 4:10min não é tempo suficiente
3- Quem sofre mais com o final?