NA CORONEL...!


NA CORONEL...!

Como em todo mundo, Santo André possui a rua que é o símbolo da cidade. Sem ousar comparar, Barcelona tem a La Rambla, Paris a Champs Elisée, Madri a Gran Via, e vai por aí afora. No Brasil, São Paulo tem a Avenida Paulista, o Rio de Janeiro tem Avenida Atlântica. Aqui, a Rua Coronel Oliveira Lima, com orgulho membro de minha família. Um ancestral.
Cotidianamente, caminho por ela, em sua parte coberta. Nesse trecho, tudo acontece. A começar pelo grupo de antigos andreenses que costuma parar nos bancos (por sinal nada bonitos) quase em frente da entrada do Shopping Santo André, o conhecido Shoppinho. Alguns políticos, como o Dr. Wilson Brandão, outros figuras de famílias antigas conhecidas e, por fim, os velhos boleiros, a maioria de meus tempos de futebol na várzea. Entre estes, o Valsenir, excelente quarto-zagueiro do Social Brasileiro, o Sapinho, do Palestra da Vila Sapo e do Corinthians de Santo André, o Belém, ocariano.
Já me referi em outra ocasião, como uma figura tradicional da cidade, um cidadão conhecido por Roberto Carlos. Ele aparece todas as tardes, na altura da Coronel com Rua Elisa Flaquer, interpretando músicas do Rei e de outros, com voz bem afinada. Seu repertório inclui, também, cenas teatrais e poemas de improviso, tendo como musa alguma garota que naquela hora passa por ali. Ele é muito criativo, e não há quem deixe de gostar de suas apresentações.
Outro cidadão que normalmente se apresenta, é um violonista cego, negro, com um repertório muito variado. Principalmente de música sertaneja e, muito comum, a presença de algum passante a fazer dupla com ele. A espontaneidade é evidente.
Muito comum, também, as apresentações de artistas estátuas vivas, que ao receberem algum donativo, se comunicam com o doador, geralmente criança e agradecem retribuindo a gentileza com uma balinha.
A mais nova atração da via, agora, trata-se de um cidadão que, há muito tempo, frequenta o local. Era catador de latas de alumínio, se destacando por possuir uma voz rouca, tipo do Lula. Cumpria sua tarefa falando para todos ouvirem, palavras rouquenhas sem nexo. De uns tempos para cá, influenciado pelas estátuas vivas, arrumou um caixote e começou imitá-los. Por sua criatividade e originalidade, o fato é que a coisa deu certo, atraindo o povo, que retribui com os trocados depositados na caixinha. Aproveitando a época, arrumou uma fantasia de Papai Noel atraindo, ainda mais, a população que frequenta a movimentada rua. Ultimamente, já o vi de pirata e de Peter Pan.
Passear pela Oliveira Lima, sem dúvida, é um exercício maravilhoso para um intervalo do corre-corre diário, como forma de descanso dos esforços empreendidos na rotina do trabalho. Físico e mental.
Afinal, ninguém é de ferro!
 
Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 28/01/2012
Reeditado em 18/01/2014
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