LIFE STORY

LIFE STORY

(Theo Padilha)

Vivíamos os anos dourados de 1960. Época na qual nossa história começa a despontar. A cidade de Joaquim Távora era bem menor do que atualmente. Sua zona rural era apinhada de gente. Os carroções enchiam a Avenida Paraná. Nos sábados e domingos a pracinha ficava cheia de gente. As moças andavam de braços dados, formando vários cordões, que tomavam conta das ruas laterais à praça. Era o tempo quando o café imperava no centro de todas as culturas. Época do ouro-verde. Londrina e Brasília eram recém-nascidas. O Brasil acabava de ser Campeão do Mundo. Pelé, como o café, estava no auge da fama. Até o seu apelido formava rima, numa deslumbrante poesia. Craque-café. O Santos era a maior equipe do mundo. O Real Madri, com Puskas, Di Stefano e outros, fugia dos torneios onde o Santos era convidado.

A Casa Santa Terezinha do Prefeito, Deputado, Gabriel Manoel, era campeã de vendas. A loja estava sempre cheia de fregueses. Era comum essa loja patrocinar as festas que aconteciam nas zonas rurais. A loja enviava sua equipe para ajudar e cobrir os leilões com suas músicas e alto-falantes. Guapirama ainda era um bairro do município de Joaquim Távora. O patrimônio não tinha luz. Era o início de sua iluminação. Ea Casa Santa Terezinha emprestava os seus geradores de luz. Falava-se que a população tavorense passava de 22 mil pessoas.

Certa vez, numa festa no distrito do Joá, a equipe da Casa Santa Terezinha mandou para lá sua equipe. Pedro, Pôncio, Dair, Edson e o Tiãozinho. Esses dois últimos eram menores, tinha cerca de 13 anos. Era comum ele pedirem chorando para que o Pedro não corresse com o jipe da loja. O Senhor Pascoal Depizzol era dono de uma venda. Quase que filial da loja acima. Esse senhor era quem apitava os jogos do torneio nos dias de festa. Então ele pedia para que o Tiãozinho ajudasse sua filha e esposa atender o balcão da venda. E o malvado do menino já gostava de uns goles de canelinha. Elas viravam as costas e o menino virava o copo de canelinha. Depois saía com aqueles olhinhos vermelhos à procura de alguma coisa para comer. Tiãozinho chegava junto aos churrasqueiros e dizia que os locutores da festa estavam pedindo comida. Os assadores logo embrulhavam dois frangos para o menino que corria pedir cervejas no bar da festa com a mesma história. Com dois frangos debaixo do braço e duas cervejas nas mãos, ele saía de fininho e entrava na mata. Ali encontrava uma clareira e se sentava, abria uma cerveja e se deliciava com os frangos. Isso o menino fazia, egoisticamente, só. Não dividia com ninguém. Chegava até se empanturrar com os assados. Nunca contou isso para ninguém, agora por questão de consciência está despejando. Aquela gente era muito feliz e não sabia...

Joaquim Távora, 25 de janeiro de 2012

Theo Padilha
Enviado por Theo Padilha em 25/01/2012
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